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Alguns eventos astronômicos em 2024

"O astrônomo soberano": No dia 2/12 o Dia nacional da Astronomia é comemorado no Brasil em homenagem a D. Pedro II. "Como dois acrobatas/  Subamos, lentíssimos Lá onde o infinito/ Nem mais nome tem/ Subamos!" (Vinícius de Morais) O ano de 2024 será um ano de grandes eventos, principalmente para os entusiastas de cometas. Esse será o ano do cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan- ATLAS) um espetáculo no céu previsto para setembro e outubro. Haverá um grande eclipse total do sol, porém, não observado desde o Brasil. 2024 também será um ano com muitas ocultações de estrelas e planetas pela lua que poderão ser vistos no Brasil. No que vai abaixo, alguns eventos de meu interesse são apresentados em maiores detalhes. Para outros, faço comentários sobre sua dificuldade de observação. Atenção : As previsões de magnitudes (mag.) para os cometas descritos abaixo são estimativas teóricas . Elas podem ser diferentes (para mais ou para menos) conforme a atividade solar e fatores desconhe...

Nova recorrente: T CorB terá um máximo em 2024?

Fig. 1 Um modelo para T CorB segundo a Wikipedia . Há uma história fascinante ligada a T CorB ou "T Coronae Borealis"  (AAVSO 1555+26, TIC 462607643 ou HD 143454), uma estrela de mag. 10 na constelação da Coroa Boreal. Dizem que, de temos em tempos, essa estrela apresenta um fenômeno de aumento súbito de brilho que pode levá-la a se tornar visível à vista desarmada. A estrela em si é um sistema binário formado por duas componentes: uma gigante vermelha (chamada componente "fria" justamente por ser vermelha) e uma anã-branca que canibaliza a gigante e tem seu próprio disco de acreção (Fig. 1). O conjunto binário é chamado também "par simbiótico" por causa talvez dessa relação mais ou menos perigosa que seria melhor descrita como uma espécie de "parasitismo estelar". A novidade é que a Associação Astronômica Britânica já lançou alguns informes para início de uma campanha de observação dessa estrela. Segundo um artigo escrito por Jeremy Shears [1]:...

Cometas em 2023: C/2023 P1 (Nishimura)

Cometa C/2023 P1 (Nishimura) observado desde a Áustria por Michael Jaeger em 3/9. E sse interessante cometa foi descoberto de maneira espetacular pelo astrônomo amador japonês H. Nishimura no último 11 de agosto. Espetacular porque sua existência passou incólume por inúmeros sistemas de imageamento robotizados para ser descoberto por um humano dedicado. Parabéns ao seu descobridor! Esse cometa tem condições peculiares de observação no hemisfério sul. Em primeiro lugar por causa de sua posição no céu, está praticamente junto ao sol, o que torna difícil sua observação em latitudes tropicais austrais antes de 12/9 (data de sua maior aproximação com a Terra). Esse cometa será melhor observado depois que tiver sua passagem periélica, o que ocorrerá após 17/9/2023 [1]. De fato, o site  cometchasing  [2] não dá como certo que esse cometa seja observável no hemisfério sul em setembro de 2023. Colocamos este post para orientação de nossos leitores, dadas as inúmeras notícias do norte s...

Cometas em 2023: C/2021 T4 (Lemmon)

  Imagem do cometa Lemmon em 19/5/23 por G. Pappa. Fonte: www.aerith.net . Sem dúvida, o cometa C/2021 T4 (Lemmon) é o objeto mais bem p osicionado para observação no hemisfério sul e, em particular, no Brasil em 2023. Há outros cometas que poderão exceder seu brilho, como 62P/Tsuchinshan 1 ou o 103P/Hartley 2, porém, o periélio do cometa Lemmon coincide com o inverno no Brasil. Nesse época, o céu costuma não apresentar nuvens em uma extensa área na região sul-sudeste. Como podemos ler aqui , o cometa Lemmon é um objeto do sistema solar de longo período , descoberto no observatório do Monte Lemmon em outubro de 2021. Seu periélio ocorre em 31/7/2023, porém, a data de máxima aproximação com a Terra é em 20/7/23. Em 22/7 sua posição  no interior do sistema solar pode ser apreciada na Fig. 1.  Fig. 1 Posição do cometa C/2021 T4 no interior do sistema solar em 22/7/23. Na data de máxima aproximação, estará localizada a aproximadamente 0.5 UA de distância da terra e...

Recursos em astronomia para usar em casa II (Python + TESS)

Análise da curva de luz da variável eclipsante Algol por meio de dados do telescópio TESS. Fonte: catálogo SIMBAD. Como continuação da série " Recursos em astronomia para usar em casa " vamos aqui descrever como trabalhar com dados astronômicos distribuídos em larga escala na internet por meio da linguagem de programação Python. Leitores que não tenham conhecimento dessa linguagem podem usar como referência de aprendizado [ 1 -2]. Os comandos apresentados aqui podem ser reproduzidos usando o recurso Jupyter Notebooks [ 3 ] de modo online. Nossa ideia aqui é demonstrar a rapidez com que dados de qualidade podem ser acessados, mesmo de telescópios espaciais. No caso, usaremos dados da missão TESS (satélite de busca de exoplanetas em trânsito, Fig. 1) [2] lançada em 2018 e que é formada por diversos telescópios que escaneiam o céu nas proximidades da Lua para estudos em fotometria estelar e busca de exoplanetas. Fig. 1 Órbitas da missão TESS de busca de exoplanetas. A órbita de...

Cometas em 2023: C/2022 E3 (ZTF)

Imagem do cometa C/2022 E3 (ZTF) 18/12/2022 por Michael Jager. Trata-se de um cometa que tem recebido atenção exagerada de inúmeros sites nacionais. Muitos desses sites replicam sem contestação o que traduzem de outros sites externos empolgados por um cometa favorável ao hemisfério norte. Até o momento, será o cometa mais brilhante em 2023 para o Brasil, muito embora seu brilho atinja mag. 4.5 em janeiro de 2023 em favor do hemisfério norte e se reduza para 5.0 em fevereiro. Isso torna o C/2022 E3 (ZTF) de difícil observação a não ser na zona rural. Definitivamente, não é um alvo para observação fácil para o grande público fixado nas grandes cidades. Além da posição boreal, a empolgação com sua chegada se deve a uma variação inesperada de brilho que o colocou no limite da observação visual. Aguardaríamos outra explosão de brilho? Como é um cometa com órbita de excentricidade próxima a 1.0 (uma parábola) trata-se de um corpo que, provavelmente, não retornará ao sistema solar interior. ...

Recursos em astronomia para usar em casa (TESS)

  Da mesma forma como nossa vida se influenciou pelas plataformas digitais e mídias socias da internet, a Astronomia é hoje uma "comunidade virtual", onde pouco importa possuir um instrumento para fazer contribuições relevantes, desde que se participe da comunidade certa. Muitas comunidades de pesquisa disponibilizaram um grande número de recursos de acesso a dados gerados por instrumentos profissionais. Esses recursos podem ser usados para se fazer descobertas.  Assim, nasce a possibilidade do astrônomo amador fazer contribuições, mesmo sem a necessidade de qualquer equipamento, exceto um computador com acesso à internet. Um exemplo prático é o banco de dados MAST ( Mikulski Archive for Space Telescopes , acessível via https://mast.stsci.edu ) que reúne milhares de entradas de dados sobre corpos celestes obtidas por inúmeros telescópios, inclusive espaciais. Dentre os telescópios espaciais está o TESS ( Transiting Exoplanet Survey Satellite , informação disponível em https:/...