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09 agosto 2016

Conjunção Venus-Júpiter (27 de agosto de 2016)


Conforme divulgado em nosso post "Alguns eventos astronômicos em 2016", haverá uma conjunção muito fechada de Vênus e Júpiter no entardecer do dia 27 de Agosto de 2016. Conjunções planetárias são efemérides bastante frequentes, porém, poucas se destacam por estreita "distância aparente" atingida pelos participantes planetários. Como sempre, o alinhamento (o que também exige posicionamento da Terra) é puro efeito de perspectiva, sendo que a "distância real" dos planetas envolvidos é bastante grande, considerando-se as dimensões do sistema solar. No caso deste evento, a distância aparente entre os principais componentes será da ordem de cinco minutos de arco.

Qual será a magnitude aparente do par?

A conjunção nos remete a uma interessante questão: dados dois objetos "estelares" com magnitudes aparente m1 e m2, se eles se aproximarem até que não possam ser separados a vista desarmada, qual é a magnitude resultante, m ?

Como é esperado, o fluxo luminoso conjunto do par será dado pela soma dos fluxos. Em termos de magnitudes, o fluxo luminoso é

F/F0 = 10^[m0-m]*2/5                    (1)

onde F0 é um fluxo de referência com magnitude m0 de referência. O fluxo total do par será dado portanto por

(F1+F2)/F0=10^[m0-m1]*2/5+10^[m0-m2]*2/5                   (2)

Aplicando a (1) para a magnitude combinada do par (e eliminado o termo que depende de m0), então:

m = -5/2*log[10^(-2*m1/5)+10^(-2m/5)]                (3)

A relação (3) fornece a equação procurada (ver também 1), o que mostra que m não é dado como uma função "linear" das magnitudes de cada componente. 

As circunstâncias da efeméride predizem que a separação máxima observada na data será de 4'40'' e as magnitudes de Vênus e Júpiter serão, respectivamente, -3.91 e -1.68 (sem considerar o efeito da atmosfera). Portanto, usando a Eq. (3) acima encontramos que a magnitude do par será de -4.04 (o que ainda assim é menor que o brilho máximo de Vênus, que chega a -5.0).

Para Brasília, DF, o fenômeno poderá ser visto no horizonte ocidental, ao cair da tarde do dia 27 de Agosto, sendo mais facilmente observado depois das 18 h do tempo local (o par estará visível acima do horizonte até aproximadamente 19:20). O planeta Mercúrio também poderá ser visto ladeando o encontro dos gigantes de brilho no céu, o que mostra que essa conjunção será, na verdade, tríplice.

Aspecto da conjunção no dia 27. O evento, na verdade, é uma conjunção tríplice, pois Mercúrio também estará próximo. 

Referência

1 - Meeus, J. H. (1991). Astronomical algorithms. Willmann-Bell, Incorporated.

18 outubro 2015

Uma conjunção quádrupla: Júpiter, Vênus, Marte e Lua (6, 7 e 8 de novembro de 2015)

Aspecto da conjunção em 7 de novembro de 2015, aproximadamente as 5:00 do horário local como visto desde Campinas, SP. Brasil. Júpiter pode ser visto em cima, a Lua, Marte e Vênus (em baixo).
As madrugadas dos dias que iniciam novembro serão marcadas por uma espécie de "bailado celeste" à leste, antes do nascer do Sol. Trata-se do evento equivalente à oeste que foi reportado aqui em 18 de julho de 2015

Haverá três oportunidades:
  • Dia 6 de novembro, com a Lua à oeste de Júpiter (Marte e Vênus estarão à leste); 
  • Dia 7 de novembro, com a Lua entre Júpiter e Vênus e em conjunção com Marte. Neste dia, um quinto elemento se juntará ao grupo, a estrela beta da constelação da Virgem, também conhecida como Zavijava, de magnitude 3.55; 
  • Dia 8 de novembro, com a Lua à leste de Vênus e mais próxima do horizonte oriental.
Para observar, basta acordar cedo, por volta das 5:00 nos dias acima (para latitudes ~25 graus sul) e certificar-se que o horizonte oriental não está encoberto.

Os eventos, nos dias descritos, serão boas oportunidades para fotografias de grande campo. Experimente!

19 julho 2015

Conjunção quadrupla de 18 de julho de 2015 (fotos)

Conjunção quádrupla da lua, Vênus, Júpiter e Regulus como visto desde Campinas, em 18 de julho de 2015. Foto por A. L. Xavier Jr. astronomiapratica.blogspot.com.br
Alguns resultados fotográficos da grande conjunção entre a lua, Vênus, Júpiter e Regulus em 18 de julho. Usamos uma Nikon 5100, com 4 segundos de exposição, f 5.6 e ISO 400.

Detalhe

Foto por A. L. Xavier Jr. astronomiapratica.blogspot.com.br


Referência




25 junho 2015

A conjunção quádrupla de Julho de 2015 e o que teria pintado Van Gogh

Fig. 1 Aspecto da conjunção em 18 de julho de 2015 como simulado pelo software Stellarium. O  horário é 18:00 do tempo legal de Brasília. 
Além disso, haverá uma interessante conjunção que merece toda atenção de nossos
numerosos amigos dessa nobre ciência dos céus.... em 20 de abril.
(C. Flammarion, referência à conjunção tripla da lua, Vênus, Mercúrio 
a 20 de abril de 1890 e que foi observada por 
Vincent van Gogh na Provença. Ver referência 3)

Conjunções são eventos pontuais no céu quando dois corpos celestes, em geral bem distantes um do outro, aproximam-se de forma aparente. Conforme já divulgamos aqui, a aproximação entre Júpiter e Vênus no céu ocidental irá presentear observadores com um interessante encontro não só envolvendo esses dois planetas brilhantes mas também a lua e a estrela Regulus. O fato ocorrerá no entardecer de 18 de Julho de 2015 e basta dirigir o olhar em direção ao por do sol para observar o evento (Fig. 1).

Os detalhes das distâncias, conforme observado as 18:00 do horário de Brasília, podem ser vistos na Fig. 2.
Fig. 2 Detalhes das distâncias aparentes entre os quatro corpos celestes na conjunção de 18 de julho de 2015.
van Gogh e uma interessante conjunção tripla

Do ponto de vista científico, as conjunções não mais têm importância, pois são encontros casuais no céu provocados pelo alinhamento entre os planos das órbitas planetárias. No passado, as conjunções tiveram certa importância para a astrologia, entretanto. Nosso interesse hoje é apenas contemplativo. Trata-se de uma boa oportunidade para registrar a diferença de brilho entre diferentes objetos. Júpiter, por exemplo, terá magnitude -1,7, Vênus -4,4, a lua -7,7 e Regulus 1,35, durante esse evento.

Conjunções foram registradas no passado. Um exemplo interessante está marcado em um quadro do famoso pintor Vincent van Gogh (1853-1890) chamado "Estrada com Cipreste e Estrela", pintado em 1890 pouco antes de sua morte. A identificação do evento ocorrido no céu está bem descrito na referência (1). Especialistas dizem que esse quadro reflete a crença de van Gogh de que ele iria falecer logo (o que de fato ocorreu em julho de 1890).

Fig. 3 Identificação dos objetos de uma conjunção ocorrida em 20 de abril de 1890 como pintado por Vincent van Gogh em seu quadro "Estrada com cipreste". O que lhe serviu de inspiração no anoitecer dessa data é visto na Fig. 4.

Segundo (1), van Gogh pintou esse quadro ao observar uma conjunção no céu de 20 de abril de 1890 em Saint-Rémy-de-Provence no sul da França. Biógrafos dizem que ele deixou Saint-Rémy no dia 16 de maio em direção à Paris, depois de um ano na Provença. 

Fig.4 Aspecto do céu como visto desde Avignon (próximo a Saint-Remy), França, em 20 de abril de 1890, com teria sido observado por van Gogh ao entardecer.
Fizemos uma simulação usando o Stellarium, que pode ser vista na Fig. 4. A lua podia ser vista como um fino crescente, tendo ao seu lado Vênus e, mais abaixo, Mercúrio. Tudo se encaixa, exceto pelo fato de van Gogh ter pintado a tripla de forma invertida! A posição da lua está correta (comparando a Fig. 3 a Fig. 4), mas certamente as posições de Vênus e Mercúrio estão invertidas.

Segundo (1), ele observou de fato essa conjunção, conforme escreveu em uma carta:
J’ai encore de là-bas un cyprès avec une étoile. Un dernier essai – un ciel de nuit avec une lune sans éclat, à peine le croissant mince émergeant de l’ombre projetée opaque de la terre – une étoile à éclat exageré, si vous voulez, éclat doux de rose & vert dans le ciel outremer où courent des nuages. En bas une route bordée de hautes cannes jaunes derrière lesquelles les basses Alpines bleues, une vieille auberge à fenêtres illuminées orangées et un très-haut cyprès tout droit, tout sombre. Sur la route une voiture jaune attelée d’un cheval blanc et deux promeneurs attardés. Tres romantique si vous voulez mais aussi je crois “de la Provence.” (2)
Ou, em uma tradução livre:
Tenho também lá um cipreste com uma estrela. Uma última tentativa - um céu noturno com uma lua delgada e sem muito brilho, que quase não emergia da sombra projetada da Terra - e uma estrela de exagerado brilho, se quiser, um brilho suave de rosa e verde em um céu ultramarino, onde corriam nuvens. Abaixo, uma estrada ladeada por altas canas além das quais se podiam ver o azul dos montes Alpilles, uma antiga estalagem com janelas iluminadas em amarelo e um cipreste bem alto, muito reto e escuro. Na estrada, podia-se ver uma carruagem amarela amarrada a um cavalo branco com dois caminhantes em regresso. Tudo muito romântico se quiser, mas também bastante 'Provençal'.
O fato de haver 'caminhantes em regresso' identifica o momento como o cair da tarde (e não a manhã). Especula-se ainda, que van Gogh teria sido avisado do evento por uma leitura de Camille Flammarion no L'Astronomie (3), publicado em Paris, onde consta o anúncio da conjunção tripla (veja a frase de abertura deste post). O mais provável, porém, é que van Gogh tenha simplesmente topado com o evento  ao sair para passear no anoitecer daquela data na Provença.

O que pintaria van Gogh no evento do dia 18 de julho próximo?

Referências

(1) Olson, D. W. (2014). Vincent van Gogh and Starry Skies Over France. In Celestial Sleuth (pp. 35-66). Springer New York.
(2) Ver (1): Letter 643, as numbered by Johanna van Gogh, Letter RM23, as numbered by the Van Gogh Letters Project.
(3) Flammarion, Camille, ed. (1890) Observations Astronomiques a faire du 15 avril au 15 mai. L’Astronomie 9 , 157–158.








a e a 

19 junho 2015

A conjunção Vênus-Júpiter de Junho de 2015

Imagem de uma conjunção de Vênus e Júpiter  em agosto de 2014 como visto desde a França.
Ver também: A conjunção quádrupla do dia 18 de julho de 2015!

O mês de junho de 2015 marca uma aproximação fechada entre dois "gigantes luminosos" no céu: Júpiter e Vênus. Para observar o evento, olhe em direção a Oeste, logo após o por do sol.

A conjunção irá ocorrer ao longo da última semana de junho e primeira semana de julho. O dia 30 de Junho marca a data da maior aproximação (o chamado "apulso"), com Júpiter e Vênus apresentando-se distantes em cerca de  22 minutos de arco ou ~0,36 graus às 18:00 (horário local para observadores em S. Paulo). Será uma oportunidade única para, por exemplo, observar se você consegue separar os dois planetas sem auxílio de instrumentos.

Simulação do apulso entre Vênus e Júpiter com o software Stellarium na data 30/6/2015 as 18:00. Você conseguirá separar o par a vista desarmada?
A lua visita o par no dia 20 de junho. Ela volta a visitar a conjunção no dia 18 de julho, com os integrantes mais próximos do horizonte ocidental.

O par se afasta depois disso em julho, com Júpiter "tomando a dianteira" de Vênus, que se dirige a sua máxima elongação.

Quem perder o apulso entre Vênus e Júpiter em 30 de junho, poderá assistir outro em 26 de outubro de 2015, porém, antes do nascer do sol

11 julho 2014

Conjunção de Júpiter e Vênus (18 de Agosto de 2014)


Uma das mais fechadas conjunções entre planetas do ano de 2014 está para acontecer na madrugada e manhã do dia 18 de agosto de 2014. A simulação feita pelo software Stellarium, mostra o instante das 5:50 do tempo local (Campinas/SP, Brasil) quando Júpiter e Vênus distam aproximadamente 15 minutos de arco um do outro (isso é aproximadamente metade do diâmetro da lua cheia). O par está muito baixo no horizonte, pouco mais de 3 graus de altitude e a proximadamente a 60 graus de azimute (em relação ao norte) na constelação do Câncer.

É provável que a conjunção possa ser observada à vista desarmada até aproximadamente 30' depois do nascimento do fenômeno. Na data, Vênus terá diâmetro aparente de 10" enquanto que Júpiter será visível com aproximadamente 31". Para quem dispõe de equipamento, poderá seguir a conjunção após o nascimento do Sol. Progressivamente, cada membro da conjunção irá se separar ao longo do dia.

Recomenda-se um binóculo para observar esse belo fenômeno.