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15 setembro 2019

Cometas em 2019: C/2019 Q4 (Borisov)

Imaagem do cometa Borisov como obtida pelo telescópio GTC de 10,5 m nas ilhas Canárias (Espanha). 
Cometas em geral podem ser classificados de acordo com suas órbitas. Cometas que têm órbitas fechadas são periódicos. Em uma outra classe estão cometas com  trajetórias parabólicas ou mesmo hiperbólicas. Por terem um excesso de velocidade (se comparados a outros membros do sistema solar), objetos com órbitas hiperbólicas provavelmente nunca pertenceram ao sistema solar: são objetos extra solares ou interestelares, já que sua exata origem (de qual sistema estelar tiveram origem) não pode ser determinada.

No dia 30 de setembro, uma busca em campos de imagens do Observatório Astrofísico da Crimeia por Gennady Borisov detectou a presença de um objeto que se distinguia dos asteroides pela presença de uma fraca cabeleira. À medida que novas observações foram sendo obtidas, sua órbita pôde ser calculada. Tratava-se de um objeto que se movia em uma trajetória com enorme excentricidade orbital (da ordem de 3), o que indicaria sua origem interestelar. 

O objeto, na data de sua descoberta, era extremamente débil, com mag. ~18.5, o que dificultava uma análise mais detalhada de sua características físicas.  Em 14 de setembro, entretanto, uma análise espectrográfica foi conseguida no Instituto de Astrofísica de Canárias, o que revelou ser sua estrutura espectral não muito diversa dos cometas do sistema solar. Ainda assim, análises de dinâmica orbital desse cometa mostraram que seu excesso de velocidade tornam sua origem no sistema solar bastante improvável. Portanto, com certo grau de certeza confirma-se sua origem interestelar. 

Dinâmica orbital e proximidade com a Terra

Cálculos orbitais presentes (setembro de 2019) colocam o periélio desse objeto por volta de 10 de dezembro de 2019, ocasião em que as estimativas de brilho conservadoras preveem máximo de magnitude da ordem de 15.0 (o que permitiria sua observação apenas por telescópios de grande porte ou acima de 300 mm de abertura desde que localizados em regiões longe da poluição luminosa). Sua excentricidade é da ordem 3.2, com inclinação orbital da ordem de 45 graus em relação à eclíptica. Na data, não excederá em 1.9 UA de proximidade da Terra, quando então se localizará na região Hydra-Crater. Um mapa de sua movimentação pelo céu pode ser visto na figura abaixo.

Mapa da posição do cometa C/2019 Q4 fornecido por S. Yochida (aerith.net) onde a data é indicada no formato mês/dia.
A curva de magnitude estimada pode ainda sofrer ajustes e colocar o cometa ao alcançe de telescópios menores. De forma alguma, porém, ele poderá ser observado a vista desarmada. Para astrônomos amadores mais avançados, será um desafio observar esse cometa - que se coloca como um visitante de fora do sistema solar - e, quem sabe, obter o seu espectro no período de maior proximidade com a Terra.

Se novidades surgirem com esse cometa, atualizaremos esta página.

Referências

C/2019 Q4 (Borisov): The First Interstellar Comet



08 janeiro 2019

Cometas em 2019: C/2018 Y1 (Iwamoto)

Mapa celeste com a posição do cometa C/2018 Y1 segundo o site Comet Chansing. Acessar aqui mapa e m PDF.
Notícia sobre um novo cometa, descoberto ainda em 2018 que poderá atingir magnitude 7 em Fevereiro de 2019. Segundo comunicado de Cloudy Nights [1]:
C/2018 Y1 (Iwamoto): Masayuki Iwamoto de Awa, Tokushima, Japão encontrou um novo cometa com magnitude 11 em 18 de dezembro último por meio de imagens CCD obtidas com uma lente telefoto Pentax SDUFII f/4.0 de 10 cm e uma câmera Canon EOS 6D. Trata-se da terceira descoberta de Iwamoto e a segunda em 2018 depois do C/2018 V1 (Machholz-Fujikawa-Iwamoto). Com periélio em 6 de fevereiro a 1,28 U. A. do sol e máxima aproximação da Terra em 12 de fevereiro a 0.3 U. A., o C/2018 Y1 deve aumentar de brilho e se tornar um objeto fácil para grandes binóculos e pequenos telescópios. O quão brilhante ele ficará ainda deve ser determinado. No início de janeiro, não sabemos ainda se esse cometa de longo período é de uma variedade dinâmica antiga (o que implica em que ele aumentará de brilho mais rapidamente do que cometas de médios períodos) ou dinamicamente novo (aumentará de brilho mais lentamente). Nos últimos dias, tanto C. Wyatt (de forma visual) e R. Ramlow (por meio de CCD) estimaram a magnitude do cometa Iwamoto entre 11.3 e 10.9. J. J. Gonzalez reportou-o ainda mais brilhante em 9,2 no dia 2 de janeiro. Se se assumir uma taxa de aumento de brilho da rodem de 2,5n=7,5 (que é típica par cometas novos dinamicamente), o Iwamoto deve alcançar mag. 7,3 no meio de fevereiro. Para 2.5n=10, a magnitude prevista estará entre 0,1 e 0,2 menor. Saberemos mais dentro de algumas semanas, com o aumento da base de dados de magnitudes desse objeto.
A tabela abaixo fornece algumas das coordenadas desse cometa, que se localizará na constelação da Virgem, sende um objeto fácil de observação no hemisfério sul. Um mapa para o mês de janeiro está disponível no site Comet Chasing [2].

C/2018 Y1 (Iwamoto)
T = 2019-Feb-06  q = 1.28 AU   Cometa de longo Período
    Data     Mag    R.A.   Decl.     r       d    Elong  const
2019-01-01  11.1   14 15  -23 59   1.394   1.577    60    Hya
2019-01-06  10.8   14 12  -23 31   1.367   1.417    66    Hya
2019-01-11  10.5   14 08  -22 52   1.342   1.251    72    Hya
2019-01-16  10.1   14 01  -21 56   1.322   1.080    79    Vir
2019-01-21   9.7   13 51  -20 32   1.305   0.908    87    Vir
2019-01-26   9.2   13 36  -18 17   1.293   0.735    96    Vir
2019-01-31   8.6   13 10  -14 21   1.284   0.567   108    Vir
2019-02-05   7.9   12 25  -06 43   1.281   0.416   127    Vir

Referência





01 janeiro 2019

Alguns eventos astronômicos em 2019



O ano de 2019 será marcado por grandes eclipses e uma passagem de mercúrio pelo sol, que estará bem calmo. Em contrapartida, este não será um ano interessante para observação de cometas, a menos que algum descobridor nos revele a presença de novo astro mais especial a nos visitar durante o ano.

Chuvas de meteoros

Sem dúvida, a chuva de meteoros Eta Aquáridas - com máximo entre 6 e 7 de maio de 2019 será o grande evento do ano para observadores abaixo do equador, tendo em vista que esse chuveiro beneficia o hemisfério sul e uma lua nova está garantida no dia 4, o que não prejudicará as observações. 

Com um máximo de 60 meteoros por hora, que são associados ao cometa de Halley, o mapa abaixo posiciona a radiante ou ponto aparente no céu de onde surgem os meteoros. A referência principal é um ponto entre Fomalhaut (particularmente brilhante no céu austral) e o grande quadrado da constelação de Pegasus. O observador deverá prestar atenção a região do céu distante 60-90 graus em relação a esse ponto em todas as direções dele.

Como estaremos próximo do inverno no hemisfério sul, o que corresponde à estação seca para a parte centro-sul e sul do Brasil, a observação desse chuveiro será facilitada pela provável ausência de nuvens. Desnecessário dizer que sua observação exigirá céu de zona rural, sendo inútil tentar fazê-lo desde as cidades.

Mapa  Stellarium com a posição da radiante das Eta Aquáridas que terá sem máximo entre 6 e 7 de maio de 2019. O aspecto do céu corresponde à cidade de Brasília/DF por volta das 04:20 do horário local no dia 6/5/2019.

Cometas em 2019

Uma análise preliminar está disponível em inglês na referência Comet Prospects for 2019. Os principais cometas apresentarão baixo brilho, atingindo, no máximo a mag. 7 (como é o caso do 322P/SOHO no final de agosto). Mais uma promessa para 2020, o 289P/Blanpain  poderá ser visto no final de 2019 atingindo possivelmente mag. 6.

Outra referência, o Almanaque astronômico brasileiro 2019  afirma que o cometa P/2008 Y12 (SOHO) sera o mais brilhante em 2019, em que pese sua proximidade com o sol. É necessário aguardar um pouco mais para decidir sobre o protagonismo do P/2008 Y12 (SOHO) frente a outros cometas em 2019. Caso isso não se verifique - e nenhum outro cometa mais brilhante seja descoberto - esse será um ano paticularmente inexpressivo em termo de observação de cometas. 

Conjunções planetárias

Duas conjunções serão particularmente interesserantes em 2019 porque os planetas envolvidos são brilhantes. Vênus e Júpiter se encontrão em 22 de janeiro, atingindo a mínima distância de 2,4 graus no céu. Depois, voltam a se encontrar em 24 de novembro, atingindo a mínima distância de 1,4 graus. 

Outras conjunções em 2019 são:
  • Vênus e Saturno em 18 de fevereiro de 2019 (a ~ 1 grau de separação, visível durante o dia);
  • Mercúrio e Vênus em 30 de outubro de 2019 (separação de 2,5 graus, visível durante o dia);
  • Mercúrio e Marte em 3 de setembro de 2019 (separação de 42');
  • Vênus e Satur no em 11 de dezembro de 2019 (separação de 1 grau e 49');
Eclipse do sol 

Um eclipse do sol será visível na América do Sul no dia 2 de julho de 2019. Esse será o grande eclipse do ano. No Brasil, o evento será visível como um eclipse parcial, mas não em todo o território.

A figura abaixo mostra as condições de visibilidade do evento em termos do percentual do disco solar que será obscurecido, indicando que a região sul será favorecida. Apenas na região em vermelho o evento será total e, certamente, o Chile é a região da América do Sul que reune as melhores condições de visualização. Conforme a latitude tanto a duração como o início do fenômeno mudam e o leitor poderá consultar pelos horários em sua cidade a partir do site Time and Date

Mapa do Brasil mostrando as condições de visibilidade do eclipse de 2 de julho de 2019. Fonte: Time and Date.
Por exemplo, para a cidade de Uruguaiana (no extremo sul do Brasil), o evento ocorrerá no final da tarde e durará aproximadamente duas horas, tendo iníco às 16:42 (tempo de Brasília). Em seu máximo, em Uruguaiana, terá 85% de seu disco eclipsado pela lua.

Em Brasília/DF, o eclipse encobrirá aproximadamente 21% do disco do sol. Nessa cidade, o eclipse tem início as 17:11 e durará aproximadamente 1 hora e 28 minutos.  

Eclipse da lua em janeiro de 2019

Logo no iníco do ano, o hemisfério ocidental será beneficiado com um eclipse total da lua, que ocorrerá em 21/1/2019 tendo início às 2:36 TU (ou seja, por volta das 00:36 do horário de Brasília). O evento ocorerrá então na madrugada do dia 21. Esse eclipse será plenamente favorável ao Brasil, onde ele poderá ser observado desde o início ao fim. 

Mapa da região de visibilidade do eclipse total da lua em 21/1/2019. No Brasil, o evento será visível completamente.
O eclipse acabará as 7:48 TU (5:48 no horário de Brasília). O mapa mostra, em vermelho, as regiões de completa visibilidade, o que inclui a parte ocidental da Europa e toda a América.

Mínimo solar 


Lenta mas inexoravelmente, saimos do ciclo solar 24 para entrar no 25, o que configura o grande mínimo solar para 2019. Este será o ano do chamado sol calmo - se comparado aos períodos de máximo - o que não significa que inexistam outros imprevistos na atmosfera solar, tais como a possibilidades de grandes explosões. Esse mínimo estará posicionado temporalmente no chamado "mínimo dos mínimos" (ver figura abaixo) da atividade solar recente.  

Gráfico dos valores médios, mensais e preditos do número de manchas conforme informado pelo NOAA/SWPC. A curva em vermelho parece indicar que o mínimo será atingido em 2019.
Assim, provavelmente, o disco do sol durante o trânsito de mercúrio de 2019 (ver abaixo) se mostrará sem manchas solares. Não existe, entretanto, uma data precisa para a chegada desse mínimo, cuja presença é inferida a partir de alguns sintomas observados no sol e na sua atmosfera. Conforme nos informa o "Universe Today":
Dois fatores identificam que o novo ciclo solar está a caminho: o aparecimento de novas manchas solares em latitudes solares elevadas e a reversão do campo magnético do sol.
A ocorrência do mínimo solar, ainda que com pouca relevância para a astronomia observacional, parece ser de enorme impacto para a vida na Terra. Por isso, registramos aqui esse evento.

Transito de Mercúrio pelo sol (Mercurio in sole visu)

Transito de mercúrio em 8 de nov de 2006 (fonte Wikipedia). 
Mercúrio é o pequeno pontinho na parte centro inferior do 
disco solar.
No dia 11 de novembro de 2019, mercúrio transitará pelo sol em um fenômeno que somente voltará a acontecer em novembro de 2032. O trânsito tem início em 12:35 TU e acaba em 18:04 TU. Para sua observação, um telescópio com filtro solar é recomendado. A observação do evento será possível desde que não existam nuvens a encobrir o sol. O evento será plenamente observado no hemisfério ocidental e em sua totalidade no Brasil.

Para mais informações sobre o céu em 2019

Consulte o Almanaque astronômico brasileiro 2019 para as efemérides astronômicas do ano.

Ao longo de 2019, diversos posts específicos serão publicados aqui com relação alguns desses eventos, inclusive novidades sobre os cometas em 2019.

Feliz 2019 e boas observações!

Outras referências