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08 setembro 2023

Cometas em 2023: C/2023 P1 (Nishimura)

Cometa C/2023 P1 (Nishimura) observado desde a Áustria por Michael Jaeger em 3/9.
Esse interessante cometa foi descoberto de maneira espetacular pelo astrônomo amador japonês H. Nishimura no último 11 de agosto. Espetacular porque sua existência passou incólume por inúmeros sistemas de imageamento robotizados para ser descoberto por um humano dedicado. Parabéns ao seu descobridor!

Esse cometa tem condições peculiares de observação no hemisfério sul. Em primeiro lugar por causa de sua posição no céu, está praticamente junto ao sol, o que torna difícil sua observação em latitudes tropicais austrais antes de 12/9 (data de sua maior aproximação com a Terra). Esse cometa será melhor observado depois que tiver sua passagem periélica, o que ocorrerá após 17/9/2023 [1].

De fato, o site cometchasing [2] não dá como certo que esse cometa seja observável no hemisfério sul em setembro de 2023. Colocamos este post para orientação de nossos leitores, dadas as inúmeras notícias do norte sobre esse cometa na internet [3], sem a preocupação de saber se ele é um objeto apropriado para observação no hemisfério sul.

Com bastante dificuldades o cometa poderá ser visto desde Brasília/DF emergindo das "brumas do crespúsculo" como mostra a Fig. 2 abaixo, que é uma simulação do Stellarium para o dia 18/9 as 18:50. Nessa data, para Brasília, o cometa será um objeto muito baixo no horizonte ocidental, com magnitude próxima a 3.5. 

Fig. 2 Cometa Nishimura emergindo das brumas do crepúsculo no dia 18/9 por volta das 18:50 como visto desde Brasília/DF. Nessa data, o cometa será um objeto localizado a menos de 1 grau acima do horizonte oeste.

Em 21/9, o cometa já terá se elevado um pouco mais em relação ao horizonte e será observado junto ao planeta Marte, na constelação da Virgem. Em compensação, seu brilho se reduzirá para mag. 4.6. 

Os dias 20-22/9 parecem ser as datas para melhor observação desse cometa. Mesmo assim, ele não poderá ser observado a mais de 5° em relação ao horizonte, o que fará com que sua observação seja um desafio. Depois do dia 28/9, esse cometa desaparece por tempo indeterminado para os observadores na Terra.

Referências


[3] Descoberto há um mês, cometa Nishimura será visível neste fim de semana. https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/09/06/descoberto-ha-um-mes-cometa-nishimura-sera-visivel-neste-fim-de-semana.ghtml É uma notícia falaciosa sobre a observação desse cometa.

22 maio 2023

Cometas em 2023: C/2021 T4 (Lemmon)

 
Imagem do cometa Lemmon em 19/5/23 por G. Pappa. Fonte: www.aerith.net .

Sem dúvida, o cometa C/2021 T4 (Lemmon) é o objeto mais bem posicionado para observação no hemisfério sul e, em particular, no Brasil em 2023. Há outros cometas que poderão exceder seu brilho, como 62P/Tsuchinshan 1 ou o 103P/Hartley 2, porém, o periélio do cometa Lemmon coincide com o inverno no Brasil. Nesse época, o céu costuma não apresentar nuvens em uma extensa área na região sul-sudeste.

Como podemos ler aqui, o cometa Lemmon é um objeto do sistema solar de longo período, descoberto no observatório do Monte Lemmon em outubro de 2021. Seu periélio ocorre em 31/7/2023, porém, a data de máxima aproximação com a Terra é em 20/7/23. Em 22/7 sua posição  no interior do sistema solar pode ser apreciada na Fig. 1. 

Fig. 1 Posição do cometa C/2021 T4 no interior do sistema solar em 22/7/23.

Na data de máxima aproximação, estará localizada a aproximadamente 0.5 UA de distância da terra e em declinação -56 graus, favorecendo muito a observação no hemisfério sul. 

Também estará em elongação de144 graus, como mostrado na Fig. 1, praticamente em oposição. Estima-se que alcançe mag. 7.0-8.0, o que o faz um objeto excelente para observação por binóculos e telescópios em lugares escuros e sem a presença da lua. Em 17/7/23 há uma lua nova, o que indica condições ideais de observação nas semanas próximas à data de máxima aproximação.

Fig. 2 Posição do cometa C/2021 T4 em 20/7/2023.

No início de julho até o dia 18/7/2023 estará localizado na constelaçao do Grou (Grus) dirigindo-se "oficialmente" para o Telescopium.  Na data de máxima aproximação, estará localizado entre as constelações do Pavão e do Índio, próximo da estrela α Pavonis (Peacock). Desde Brasília, por exemplo, alcançará a elevação de 62 graus acima do horizonte sul, podendo ser observado após o por do sol. 

Será um objeto interessante que poderá ser fotografado com câmeras sem acompanhamento em modo de exposição com auxílio de um tripé para prover estabilidade. 

Referências

http://www.aerith.net/comet/catalog/2021T4/2021T4.html

http://astro.vanbuitenen.nl/comet/2021T4




17 janeiro 2023

Cometas em 2023: C/2022 E3 (ZTF)


Imagem do cometa C/2022 E3 (ZTF) 18/12/2022 por Michael Jager.

Trata-se de um cometa que tem recebido atenção exagerada de inúmeros sites nacionais. Muitos desses sites replicam sem contestação o que traduzem de outros sites externos empolgados por um cometa favorável ao hemisfério norte.

Até o momento, será o cometa mais brilhante em 2023 para o Brasil, muito embora seu brilho atinja mag. 4.5 em janeiro de 2023 em favor do hemisfério norte e se reduza para 5.0 em fevereiro. Isso torna o C/2022 E3 (ZTF) de difícil observação a não ser na zona rural. Definitivamente, não é um alvo para observação fácil para o grande público fixado nas grandes cidades. Além da posição boreal, a empolgação com sua chegada se deve a uma variação inesperada de brilho que o colocou no limite da observação visual. Aguardaríamos outra explosão de brilho?

Como é um cometa com órbita de excentricidade próxima a 1.0 (uma parábola) trata-se de um corpo que, provavelmente, não retornará ao sistema solar interior. É um membro da distante núvel de Oort. 

Em janeiro de 2023 atingiu o periélio no dia 12. Será um objeto de difícil observação no hemisfério sul em seu brilho máximo, exceto para localizações mais próximas do equador. É o caso para observadores na região norte do Brasil, principalmente nos Estados de Amapá e Roraima. No final de janeiro atinge sua posição mais boreal possível e mais próxima da terra (0,284 UA de distância), próximo à estrela Polaris da Ursa Menor (declinação +71 graus). 

Depois de sua máxima aproximação, segue em direção ao hemisfério austral, porém, quando estiver em posição favorável para observadores do hemisfério sul terá reduzido de brilho de forma significativa, tornando-se visível apenas por meio de instrumentos. 

Referências

https://cometchasing.skyhound.com/

http://www.aerith.net/comet/catalog/2022E3/2022E3.html



02 dezembro 2022

Alguns eventos astronômicos em 2023

Observatório Imperial, Morro do Castelo, Rio de Janeiro (imagem: autor desconhecido, provavelmente do início do Século XX).

Quais são os eventos astronômicos previstos para 2023? Em tese, 2023 não será um ano de grandes eventos. O destaque é o eclipse anular do Sol visível quase que em todas as Américas em 14 de outubro. Esse será um eclipse visível em muitas regiões do Brasil.

Notícias mais detalhadas sobre cometas, eclipses e outros eventos poderão ser postados aqui ao longo de 2023. Outras conjunções planetárias (suas datas, planetas envolvidos e separação) são apresentadas na última tabela.

Cometas em 2023

O grande cometa no início do ano é o ZTF (C/2022 E3) que terá sua máxima aproximação da Terra no início de fevereiro. O nome ZTF é uma abreviação de "Zwicky Transient Facility", o observatório onde foi descoberto. Esse cometa alcançará brilho superior (~mag. 5.0) ao do cometa C/2017 K2 (PanSTARRS) visível ainda no início de 2023. 

Outros destaques cometários em 2023 são C/2021 T4 (Lemmon) com mag. 7.0, 62P/Tsuchinshan 1 com mag. 7.0.

Janeiro

Uma ocultação de Urano pela Lua ocorre em 1 de janeiro que será visível apenas no norte da Europa. No Brasil, será uma conjunção.

Em 3 de janeiro ocorre uma conjunção entre a Lua e Marte. Em alguns lugares Marte será oculto pela Lua, não visível no Brasil.

Em 13 de janeiro ocorre o periélio do cometa ZTF (C/2022 E3). No início de 2023 espera-se que esse cometa atinja mag. 6.0. 

Em 31 de janeiro, a Lua volta a ocultar Marte, mas a ocultação não será visível no Brasil.

Fevereiro

Em 2 de fevereiro, ocorre o máximo brilho do cometa ZTF (C/2022 E3). Será um cometa favorável para observadores do hemisfério norte. 

Em 22 de fevereiro, a Lua oculta Júpiter. O evento é visível no extremo sul do Brasil. Nas outras regiões, é uma conjunção como mostrado na figura abaixo.

Ocultação de Júpiter pela Lua em 22/2.

Março

Em 1 de março ocorre uma conjunção entre Júpiter e Vênus.

O asteroide Ceres está em oposição em 21 de março posicionado na constelação de Coma Berenices e visível a mag. 7.1. É a melhor época para observar esse corpo celeste com binóculo ou telescópio.

O asteroide Ceres está em oposição em 21 de março.

Em 24 de março ocorre uma conjunção entre a Lua e Vênus. Em algumas partes do mundo, a Lua ocultará Vênus (não visível do Brasil).

Emm 28 de março, a Lua oculta Marte. Evento não visível no Brasil que será visto como uma conjução.

Abril 

Em 20 de abril haverá um "eclipse solar híbrido". Por causa da distância da Lua na data, em algumas partes da trajetória de totalidade, o eclipse será total e, em outras, será anular.  De qualquer forma, esse eclipse não será visível em nenhuma parte das Américas

Em 22 de abril ocorre o máximo da chuva de meteoros "Líridas". Por causa da recente lua nova (eclipse dia 20), a Lua não atrapalhará  a observação desse chuveiro.

Maio

Haverá um eclipse penumbral da lua no dia 5 que não será visível nas américas em qualquer parte delas.

Em 6-7 de maio ocorre o pico do chuveiro das Eta Aquáridas que podem produzir até 60 meteoros por hora. Por causa da recente lua cheia (eclipse penumbral dia 5), a Lua atrapalhará  a observação desse chuveiro.

A Lua oculta Júpiter em 17 de maio em um evento não visível no Brasil, onde ele será visível como uma conjunção.

Julho

Uma sequência de conjunções da Lua com os planetas Mercúrio, Vênus e Marte ocorre em 19, 20 e 21 de março respectivamente.

Em 28 de julho, Mercúrio e a estrega Regulus (alfa Leo) se encontram no céu. O par poderá ser visto ao cair da tarde.

O máximo das "Delta Aquáridas" ocorre entre 28-29. Esse chuveiro produz em média 20 meteoros por hora como resultado de detritos do cometa Marsden-Kracht. Como a Lua estará próxima de cheia (em 1 de agosto), a Lua atrapalhará  a observação.

Agosto 

Em 12-13 de agosto ocorre o máximo da radiante "Perseidas" como resultado de detritos do cometa Swift-Tuttle. É provável que a Lua (nova em 16 de agosto) não atrapalhe a observação desses meteoros. 

Em 18 de agosto ocorre umam conjunção tripla envolvendo a Lua, Marte e Mercúrio. A tripla será vista ao cair da tarde. 

Conjunção tripla em 18 de agosto.

Em 25 de agosto a Lua oculta Antares (alfa da constelação do Escorpião), num evento que não será visível no Brasil onde ele ocorrerá como uma conjunção.

Em 27 ocorre a oposição do planeta Saturno.

Setembro

Em 18 de setembro, Vênus atinge o maior brilho. Será visto de manhã, antes do nascer do Sol como a "Estrela D'Alva". Seu brilho não será muito diferente alguns dias antes e depois desta data.

Em 21 de setembro a Lua oculta Antares (alfa da constelação do Escorpião), num evento que não será visível no Brasil onde ele ocorrerá como uma conjunção.

Outubro

Em 14 de outubro ocorrerá um eclipse anular do sol que será visível em boa parte do continente americano, inclusive o Brasil, ao cair do sol. A trajetória da anularidade cortará o Brasil na região norte como mostrado no gráfico. Nas outras regiões do Brasil (até o limite da região sul), o eclipse será parcial. A coroa solar não será visível durante esse eclipse. Em Brasília/DF o disco do sol será ocultado em seu máximo de 63%, o que ocorrerá as 16:47 do horário local.


Aspecto do eclipse solar de 14 de outubro como visto desde Brasília (16:47).

Em 18 de outubro a Lua oculta Antares (alfa da constelação do Escorpião), num evento que não será visível no Brasil onde ele ocorrerá como uma conjunção.

Em 28 de outubro ocorre um eclipse parcial da lua, visivel em parte do Brasil quando a Lua surgir no horizonte no começo da noite. Apenas uma parte da "umbra" tocará o disco lunar. 

Aspecto do eclipse lunar penumbral de 28/10 conforme informado aqui.

Novembro

Em 3 de novembro ocorre a oposição do planeta Júpiter.

Em 13 de novembro ocorre oposição do planeta Urano.

O chuveiro das "Leônidas" ocorre em 17-18 com um máximo estimado de 15 meteoros por hora. Com uma lua nova no dia 13, a Lua não atrapalhará a observação desses meteoros pois estará abaixo do horizonte.

Dezembro

Em 13-14 ocorre o máximo do chuveiro "Gemínidas". Estima-se que 2023 haverá uma aparição favorável desses meteoros associados a detritos do meteoro 3200 Feton. Estima-se que meteoros de diversas tonalidades numa taxa de 120 por hora possam ocorrer. Com lua nova em 12/12, a Lua não atrapalhara as observações. Mesmo assim, o céu deverá estar limpo e a observação se dar em um local escuro, longe das luzes artificiais. 

Luas novas de 2023 

As únicas luas que interessam à observação do céu são as luas novas. Pode-se considerar dias apropriados à observação os que antecedem ou se sucedem a aproximadamente 7 dias da data das luas novas. Em 2023 essas luas ocorrem nas datas:

Janeiro 21, Fevereiro 20,  Março 21Abril 20,  Maio 19Junnho 18Julho 17, Agosto 16, Setembro 14, Outubro 14, Novembro 13, Dezembro 12

Conjunções planetárias (sem envolver a Lua)

Data (BRLT)              Envolvidos       Separação

22 Jan 2023 16:36 -03 Venus-Saturno 0°21'

15 Fev 2023 09:19 -03 Venus-Neptuno <0°01'

02 Mar 2023 06:35 -03 Mercurio-Saturno 0°55'

02 Mar 2023 07:41 -03 Vênus-Júpiter 0°32'

31 Mar 2023 03:13 -03 Vênus-Urano 1°17'

04 Jun 2023 01:34 -03 Mercurio-Uranus 2°54'

26 Jul 2023 09:45 -03 Vênus-Mercúrio 5°17'

Referências

Granato, M., Costa, I. L. C. D., Martins, A. C., Reis, D. C., & Suzuki, C. (2007). Restauração do círculo meridiano de Gautier e reabilitação do pavilhão correspondente: Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 15, 319-357.

https://eclipse.gsfc.nasa.gov/SEplot/SEplot2001/SE2023Apr20H.GIF

https://www.fullmoonology.com/2023-new-moons/

https://in-the-sky.org/