Fig. 1 Um modelo para T CorB segundo a Wikipedia.
Há uma história fascinante ligada a T CorB ou "T Coronae Borealis" (AAVSO 1555+26, TIC 462607643 ou HD 143454), uma estrela de mag. 10 na constelação da Coroa Boreal. Dizem que, de temos em tempos, essa estrela apresenta um fenômeno de aumento súbito de brilho que pode levá-la a se tornar visível à vista desarmada.
A estrela em si é um sistema binário formado por duas componentes: uma gigante vermelha (chamada componente "fria" justamente por ser vermelha) e uma anã-branca que canibaliza a gigante e tem seu próprio disco de acreção (Fig. 1). O conjunto binário é chamado também "par simbiótico" por causa talvez dessa relação mais ou menos perigosa que seria melhor descrita como uma espécie de "parasitismo estelar".
A novidade é que a Associação Astronômica Britânica já lançou alguns informes para início de uma campanha de observação dessa estrela. Segundo um artigo escrito por Jeremy Shears [1]:
É necessária vigilância, e os observadores são encorajados a manter um olhar atento sobre o T CrB. São solicitadas observações noturnas visuais e digitais (CCD/CMOS) para monitorar o desvanecimento atual e identificar o mínimo do mergulho Peltier pré-erupção, que será o aviso de 3 meses da erupção. Gráficos estelares de comparação do campo estão disponíveis no site do VSS (7). No momento em que este artigo foi escrito, T CrB apresentava mag. 10, portanto, um pequeno telescópio é suficiente para observá-la. Durante a queda, é provável que seu brilho diminua brevemente para a mag. 12.
Diz a história que essa estrela foi descoberta em 1866 por J. Birmingham durante uma erupção em que atingiu a mag. 2.0 em maio daquele ano. Outra erupção ocorreu em fevereiro de 1946 (NOVA CrB 1946). Parece que o máximo ocorre aproximadamente a cada 80 anos, como consequência da intermitência do derramamento de matéria da gigante vermelha sobre o disco de acreção de sua companheira anã. O fenômeno em si (chamada "erupção") é muito rápido, ele requer observadores em monitoramento constante, pois com a mesma velocidade que o máximo chega ele se vai, não dura mais de um dia.
Para observadores interessados em localizar essa estrela, um mapa da posição de T CorB pode ser visto abaixo:
Fig. 2 Mapa da posição de T CorB fornecido pela Associação Astronômica Britânica. Essa estrela tem mag. 10, mas está prevista uma erupção até a mag. 2.0 para o iníco de 2024 (provavelmente janeiro). |
Essa estrela se localiza próximo a ε e δ Cor conforme mostrado no mapa. A grande questão no momento é saber quando será o novo máximo. Segundo Shears, um artigo recentemente publicado prediz o próximo máximo para o início de 2024 [2]. É um ponto da conclusão 5 desse artigo que:
Uma comparação da curva de luz AAVSO para o período 2005-2023 com o modelo da explosão de 1946 criado por Schaefer (2023) torna possível prever a data da próxima erupção do tipo nova clássica do T CrB - o início de 2024.
Portanto, que os observadores diligentes estejam atentos!
Referências
[1] Shears J (2023). Get set for the next eruption of the recurrent nova T Coronae Borealis! https://britastro.org/section_news_item/get-set-for-the-next-eruption-of-the-recurrent-nova-t-coronae-borealis
[2] Maslennikova, N. A., Tatarnikov, A. M., Tatarnikova, A. A., Dodin, A. V., Shenavrin, V. I., Burlak, M. A., ... & Strakhov, I. A. (2023). Recurrent Symbiotic Nova T Coronae Borealis Before Outburst. arXiv preprint arXiv:2308.10011.
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