A Astronomia é conhecimento superior que, se plantada na mente correta, pode despertar o interesse para o conhecimento científico de quase todas as outras ciências. A astronomia faculta a seus amantes uma prática maravilhosa: a astronomia amadora. Feita de noites sem conta de espera, observações em total escuridão para fazer valer os esforços na aquisição de instrumental apropriado para observação, a astromomia amadora não precisa de explicações para se definir como um dos mais belos hobbies que alguém pretenda cultivar.
A década de 80 foi a última que antecedeu diretamente a idade digital com a internet. Naquela época, não existiam 'e-mails' nem mecanismos de busca - a internet germinava ainda em apenas alguns laboratórios mais avançados do mundo. O conhecimento de qualidade sobre Astronomia para leigos (e astrônomos amadores) estava limitado aos livros, muitos dos quais restritos à lingua inglesa. Fenômenos celestes, como hoje, dificilmente eram matéria de jornais e revistas em circulação na época. Mas uma instituição corajosa fez história naquela década: a União Brasileira de Astronomia.
A década de 80 foi a última que antecedeu diretamente a idade digital com a internet. Naquela época, não existiam 'e-mails' nem mecanismos de busca - a internet germinava ainda em apenas alguns laboratórios mais avançados do mundo. O conhecimento de qualidade sobre Astronomia para leigos (e astrônomos amadores) estava limitado aos livros, muitos dos quais restritos à lingua inglesa. Fenômenos celestes, como hoje, dificilmente eram matéria de jornais e revistas em circulação na época. Mas uma instituição corajosa fez história naquela década: a União Brasileira de Astronomia.
Eu fui um dos assinantes dos seus boletins. Minha coleção muito restrita limita-se a alguns números dentre 1983 e 1985 na esteira dos preparativos para o periélio do cometa Halley em 1986. Abaixo reproduzo uma das capas dos 'Informativo Astronômico' da UBA. Esta capa é a da edição de Março-Abril de 1983. A UBA nessa época era administrada por Luiz Augusto L. Silva,, Gilberto Klar Renner e Alceu Féliz Lopes. O boletim para mim, não obstante a 'pobreza gráfica' comparada aos recursos atuais, era muito completo, trazia um artigo principal, notícias sobre associações astronômicas dentre outras. Numa coleção de 'seções' (de cometas, variáveis, solar, 'clube Messier') informação sobre os últimos acontecimentos eram trazidos para os astrônomos amadores na época.
Capa do 'Informativo Astronômico' da UBA de Março-Abril de 1983. |
Hoje, onde podemos encontrar um orgão, referência ou centro onde alguma informação sobre aspectos práticos da astronomia amadora? Há centenas de páginas na WEB, ao se alargar o horizonte para abarcar páginas em lingua inglesa, esse número cresce talvez aos muito milhares. Essa pulverização da informação em milhares de fontes é muito positiva, pois mostra o crescente interesse pela Astronomia e abre possibilidades para que grupos locais organizem-se e produzam trabalhos interessantes em astronomia amadora.
Agora, não podemos deixar de registrar nossa impressão também que semelhante crescimento de volume de informação não está necessariamente ligado ao aumento de qualidade: faz-se muito do mesmo, conteúdos são incessantemente replicados sem qualquer compromisso com a qualidade final. Além disso, a multiplicidade de fontes - aliadas a existência de inúmeros softwares de simulação do céu - aumenta o isolamento entre grupos e entre indivíduos, pois cada um é capaz de, sozinho, cuidar de si. Há interesse por astronomia amadora, mas esse interesse é privativo a pequenos grupos e a imensa maioria dos indivíduos que, assim, deixam de compartilhar suas informações e experiências conjuntas.
Além disso, o crescente número de projetos de sonda e telescópios avançados por nações mais organizadas, faz com que tenhamos a impressão que a observação do céu por um amador é algo inútil. Se ao amador é vetado o ingresso à pesquisa de ponta - a prática da observação em grupos ou o compartilhamento de experiências demonstra um grau de maturidade e colaboração que é imprescindível para as grandes realizações científicas.
Assim, por enquanto (isto é, enquanto as campanhas dos super projetos continuarem), podemos dizer que a astronomia amadora é uma prática cada vez mais privativa mas de grande importância para a formação científica de indivíduos de forma geral. Para aqueles a amam verdadeiramente, nenhum recurso profissional irá diminuir o prazer de uma boa noite de observação. E apenas aqueles que já experimentaram uma boa noite de observação podem corretamente julgar isso, não importa a quantidade de fontes de informação modernas disponíveis sobre o céu.
Agora, não podemos deixar de registrar nossa impressão também que semelhante crescimento de volume de informação não está necessariamente ligado ao aumento de qualidade: faz-se muito do mesmo, conteúdos são incessantemente replicados sem qualquer compromisso com a qualidade final. Além disso, a multiplicidade de fontes - aliadas a existência de inúmeros softwares de simulação do céu - aumenta o isolamento entre grupos e entre indivíduos, pois cada um é capaz de, sozinho, cuidar de si. Há interesse por astronomia amadora, mas esse interesse é privativo a pequenos grupos e a imensa maioria dos indivíduos que, assim, deixam de compartilhar suas informações e experiências conjuntas.
Além disso, o crescente número de projetos de sonda e telescópios avançados por nações mais organizadas, faz com que tenhamos a impressão que a observação do céu por um amador é algo inútil. Se ao amador é vetado o ingresso à pesquisa de ponta - a prática da observação em grupos ou o compartilhamento de experiências demonstra um grau de maturidade e colaboração que é imprescindível para as grandes realizações científicas.
Assim, por enquanto (isto é, enquanto as campanhas dos super projetos continuarem), podemos dizer que a astronomia amadora é uma prática cada vez mais privativa mas de grande importância para a formação científica de indivíduos de forma geral. Para aqueles a amam verdadeiramente, nenhum recurso profissional irá diminuir o prazer de uma boa noite de observação. E apenas aqueles que já experimentaram uma boa noite de observação podem corretamente julgar isso, não importa a quantidade de fontes de informação modernas disponíveis sobre o céu.
De fato, o prazer proporcionado por uma boa noite de observação astronômica é indescritível... Já fui associado da UBA. Lembro bem da capa reproduzida acima. Bons tempos foram esses. Mas me impressiona, hoje, a alta qualidade dos instrumentos óticos dos amadores (principalmente dos países desenvolvidos) que conseguem obter imagens dos objetos celestes que rivalizam com aquelas obtidas pelos profissionais. Bom também termos oportunidade de admirá-las facilmente pela Internet. Mas os amadores ainda podem contribuir com grandes descobertas, tais como a observação recente (no início de setembro) do impacto de um possível fireball sobre as nuvens de Júpiter. Para me incluir nesse novo (e admirável) mundo digital, disponho de um pequeno site na Internet que trás um pouco de minha experiência (modesta) em astrofotografia. Para quem desejar visitar, acessar: http://clouds-air.webs.com/apps/photos/
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