14 agosto 2020

Novas notícias sobre Betelgeuse

Fig 1 Representação pictórica da NASA ilustrando como uma nuvem de poeira obscureceu a visão de Betelgeuse. Créditos: NASA/ESA/E. Wheatley (STScI).

O leitor deve se lembrar do mínimo histórico atingido por Betelgeuse no final de 2019. Escrevemos o post "Será que Betelgeuse (α Orionis) vai explodir ?" logo no começo deste ano. Nesse texto alertamos para a onda de "catastrofismo" que também assola a Astronomia. A crença é que aquela estrela estava prestes a explodir, o que iluminaria o céu com um segundo sol.

Pois bem, passado mais de meio ano desde a notícia, há novidades sobre o caso. Em um artigo recente, Dupree et al (2020) descrevem algumas conclusões baseadas em análises do telescópio Hubble e uma nova hipótese para a redução de brilho:

A supergigante vermelha Betelgeuse (Alpha Orionis, HD 39801) experimentou um esmaecimento visual entre dezembro de 2019 e o primeiro semestre de 2020, alcançando uma mínima histórica entre os dias 7 e 13 de Fevereiro. Durante o período de setembro a novembro de 2019, antes do evento de redução de brilho óptico, a fotosfera expandiu-se. Ao mesmo tempo, espectros ultravioletas com resolução espacial usando o espectrógrafo de imagem do telescópio espacial Hubble revelaram um aumento substancial, no espectro ultravioleta, da linha de emissão de Mg II da cromosfera sobre o hemisfério sul da estrela. Além disso, a temperatura e densidade eletrônica inferidas a partir do diagnóstico espectral da linha CII também aumentaram no hemisfério. Essas mudanças aconteceram antes do grande evento de esmaecimento. Variações nos perfis da linha de Mg II sugerem que material se moveu para fora em resposta à passagem de um pulso ou onda de choque de setembro de 2019 até novembro. Parece que esse fluxo extraordinário de material da estrela, iniciado provavelmente por elementos fotosféricos convectivos, foi aumentado por coincidência com movimento de fluxo de fase da pulsação de 400 dias. Essas observações em ultravioleta parecem fornecer uma conexão entre as grandes células convectivas da fotosfera e o evento de ejeção de massa que se resfriou para formar uma nuvem de poeira sobre o hemisfério sul registrado em dezembro de 2019, e que também resultou no esmaecimento  óptico excepcional de Betelgeuse em fevereiro de 2020.

A Fig. 1 é uma ilustração do Instituto para o Telescópio Espacial que simplifica o resumo do artigo de Dupree et al de 2020 traduzido acima. Ao invés de uma grande contração que reduziria o brilho e seria o prenúncio de uma catástrofe estelar, algo mais simples teria ocorrido. 

Uma gigantesca ejeção de massa como observada no hemisfério sul da estrela já em setembro de 2019 teria coincidido com uma das pulsações "para fora" da estrela gerando uma nuvem de poeira. Por coincidência (alinhamento geométrico), essa nuvem de pó ficou entre a Terra e a estrela, e o que vimos foi o brilho de Betelgeuse se reduzir drasticamente. 

Novas imagens e medidas de brilho de Betelgeuse continuarão ao longo de 2020 tão logo a estrela saia de sua fase de conjunção helíaca. As medidas de brilho, aliadas à observações espectrais, fornecerão uma imagem dinâmica da evolução desses eventos de variação irregular de brilho e auxiliarão a compreensão do mecanismo de evolução de grandes estrelas como Betelgeuse.

Referências

06 agosto 2020

Ocultação de Marte pela lua em 6 de setembro de 2020 (GMT)


Mapa IOTA para a região de observação da ocultação de marte pela lua em 6 de setembro de 2020.

Em 6 de setembro de 2020 (GMT), a lua ocultará Marte para boa parte do território nacional como mostra a figura acima. A ocultação também será visível na parte ocidental da América do Sul.

Em conformidade com a página da IOTA [1], o desaparecimento de Marte terá início para Brasília/DF, por exemplo, em 6/9/2020 as 2:49 TU (ou 23:49 da hora local do dia 5/9/2020. Atenção para as datas!). 

Fig. 1 Aspecto do reaparecimento de marte as 1:05 BRT em 6/9/20 como visto desde Brasília/DF. 

Na ocasião, marte brilhará com mag. -1.9 e a lua estará bem alta no céu. Mais interessante do que o desaparecimento, o reaparecimento de marte ocorrerá na parte não iluminada do disco lunar. Para Brasília/DF, o aspecto do reaparecimento de marte é visto na Fig. 1 e ocorrerá próximo de 1:03 do dia 6/9/2020.

Para outras localidades do Brasil consulte [1]. O software Stellarium permite determinar o aspecto da ocultação para qualquer localidade, desde que a posição do observador esteja ajustada corretamente. 

Referências

[1] http://lunar-occultations.com/iota/planets/0906mars.htm


09 julho 2020

Ocultação de Marte pela lua em 9 de agosto de 2020 (GMT)


Mapa IOTA para a região de observação da ocultação de marte pela lua em 9 de agosto de 2020.

Em 9 de agosto de 2020, a lua ocultará Marte para a parte sul e sudeste do Brasil conforme mostra o mapa acima, o que também inclui considerável parte sul da América do Sul (Uruguai, Argentina e parte austral do Chile). A ocultação terá seu início um pouco antes do nascer do sol.

A página da IOTA [1], fornece os horários de desaparecimento e reaparecimento para diversas localidades.

Em Brasília/DF não haverá ocultação, nem mesmo razante. Entretanto, marte se aproximará da lua  por volta das 06:15 BRT, a menos de 16" de arco segundo uma simulação Stellarium. Será uma boa ocasião para se tirar fotografias. 

Para a cidade de São Paulo/SP, o desaparecimento ocorrerá as 8:28 TU (ver Fig. 1) e o reaparecimento as 09:40 TU. O reaparecimento ocorrerá na face não iluminada da lua e ocorrerá com o sol já acima do horizonte. 

Fig. 1 Aspecto do desaparecimento de marte em 9 de agosto de 2020 como visto desde a cidade de São Paulo/SP por volta das 5:26 hora local.

Referência