20 maio 2014

Mitos no céu (origem de algumas constelações)



Ver também: Mitos no céu 2 (origem de outras constelações).

A origem das constelações (katasterismoi em grego)
A maior parte das culturas antigas via imagens nos agrupamentos de estrelas do céu. Os primeiros esforços para catalogar as estrelas podem ser vistos em antigos registros cuneiformes que datam de 6000 a. C., encontrados no vale do rio Eufrates (Babilônios). Leão, Touro e o Escorpião já eram vistos pelos antigos no céu. As constelações de hoje são, entretanto, diferentes das de ontem, pois elas são contribuição de várias sociedades e povos. Gregos e romanos foram, porém, os que mais contribuíram para a formação dos mitos e figuras no céu.

As constelações:  o que são

Constelações são agrupamentos "ilusórios" de estrelas. O céu foi "dividido" em constelações (88 ao todo), da mesma forma que se dividem terras em países e regiões. A divisão é puramente arbitrária, mas está baseada em antigas tradições.

As estrelas se distanciam de nós de forma arbitrária, mas da projeção das distâncias no céu, tem-se a impressão que estão sobre um mesmo "plano" e, da imaginação, surgem figuras geométricas. Mais recentemente, (depois do renascimento e grandes navegações), constelações austrais foram acrescentadas, com motivos ligados à equipamentos de navegação ou animais encontrados nas novas terras...

Por volta do IV milênio antes de Cristo, os antigos Acádios reconheciam um conjunto de constelações como "os sulcos de plantação", que eram arados pelo "touro celeste", conforme narra a Epopéia de Gilgamesh. Na época, o sol entrava a primavera no Touro...

Um exemplo de constelação antiga: o Touro


A constelação é caracterizada por um notório asterismo em forma de ‘V’, que é a face do touro. A estrela "Aldebarã" (do árabe, Al Dabaran, ou a “seguidora”) é o olho vermelho do Touro. O asterismo em forma de "V" é conhecido como as Hyades (aglomerado aberto). As "Hyades" ("huades", as chorosas) eram ninfas meia-irmãs das "Pleiades" e filhas de Atlas e Etra. Foram encarregadas por Zeus de cuidar do deus Dionísio e, por causa disso, ganharam o céu.  Outra versão (http://www.theoi.com/Nymphe/NymphaiHyades.html) fala que, após a morte de seu irmão Hias, as ninfas chorosas foram elevadas ao céu por Zeus. Hias, por sua vez, foi transformado na constelação de Aquário. Para os romanos: Júpiter se transformou em um "touro" para carregar Europa, filha do rei de Cretas. 

Um exemplo de constelação moderna: Antlia.


Criada em 1752 por Nicolas Louis de Lacaille para homenagear a invenção da máquina pneumática ou bomba de ar. É um asterismo pálido no céu, visível apenas em locais escuros.

O Zodíaco (zodiakos kyrklos – círculo de animaizinhos)

Zodiaco de "Denderat" (~1 a. C),  cópia de antigos documentos egípcios, hoje no museu do Louvre.
Ao longo de séculos de história, diversos povos viram várias constelações. Mas todos sempre consideravam diferentes as constelações por onde o sol passava, com diferentes significados.    

Mitos relacionados a algumas constelações do Zodíaco

Áries

É o cordeiro alado Chrysomallos (Χρυσόμαλλος) de lã dourada, procurado por Jasão e os Argonautas. O cordeiro tinha sido originalmente presenteado a Nefele por Mercúrio, quando seu marido arranjou outra mulher (Ino). Ino perseguiu os filhos de Nefele, Frixo e Hele. Para mantê-los seguros, Nefele montou-os no lombo do cordeiro que voou em direção ao leste. Hele caiu do cordeiro na região do Helesponto (estreito dos Dardanelos) entre o mar Egeu e o mar de Marmara. Mas Frixo aterrisou na Cólquida na parte leste do mar Negro. Frixo sacrificou o cordeiro e presenteou a flecha dourada ao rei Aetes. O rei, por sua vez, presenteou Frixo com a mão de sua filha, Calcíope.

Touro

Europa, filha do rei Agenor da Fenícia, gostava de brincar com suas amigas na praia. Zeus intruiu seu filho Hermes a espantar o gado do rei em direção à praia, onde as garotas estavam brincando. Assumindo a forma de um touro, Zeus se infiltra no bando e espera pela chance de raptar Europa. 

Gêmeos

Gêmeos representam Castor e Polideuces (Pollux é a versão latina), conhecidos pelos gregos como os os Dioscuri, "filhos de Zeus". Entretanto, mitologistas não sabem realmente se eram "filhos de Zeus" por causa das circunstâncias de seu nascimento. A mãe de Gêmeos era Leda, rainha de Esparta, visitada certo dia por Zeus na forma de um cisne (que é agora representado pela constelação Cygnus). Na mesma noite, Leda dormiu com seu marido, o rei Tíndarus. Ambos relacionamentos deram certo, pois, de Leda nasceram quatro crianças. Na versão mais aceita, Polideuces e Helena (que se tornou depois Helena de Tróia) eram filhas de Zeus (e imortais), enquanto que Castor e Clitemnestra eram filhos de Tíndarus e, portanto, mortais. Castor e Polideuces cresceram juntos, sempre amigos, e dizia-se que se pareciam muito um com o outro. Foram colocados nos céus por Zeus depois que Polideuces matou seu irmão em uma disputa por causa de uma mulher.

Câncer

Um personagem menor em uma das histórias sobre Héracles (o nome grego para Hércules). Numa luta contra a serpente de muitas cabeças, a Hidra do pântano de Lerna, emergiu o caranguejo,  picando Hércules nos pés. Em um só golpe, Hércules esmagou o caranguejo. Por esse ato modesto mas corajoso, a deusa Hera, que era inimiga de Hércules, transformou o caranguejo em constelação. 

O trópico de Câncer corresponde à latitude onde o Sol está ao meio dia de 21 de Junho. No tempo dos gregos antigos, o sol estava em câncer exatamente nesta data. 

Leão

Eratóstenes e Higius afirmam que foi o leão colocado no céu por ser o rei das feras. Mitologicamente, esse é o Leão de Neméia, morto por Héracles (Hércules) como uma das suas doze tarefas. Neméia é uma cidades a sudoeste de Corinto. Lá vivia o leão em uma caverna com duas entradas, a devorar os habitantes da cidade, que se tornavam cada vez mais escassos. Esse leão era invulnerável, diz-se que foi cria do cão Ortrus, o monstro Tífon ou mesmo gerado por Selene – a deusa lunar. Sua pele resistia a todas as armas e Héracles mesmo provou isso atirando nele uma flecha, que simplesmente ricocheteou.

Virgem

Segunda maior constelação do céu (a maior é Hidra). Os gregos a chamavam Partenos, identificada como Dike, a deusa da Justiça, filha de Zeus com Temis. Existe outra deusa associada a Virgem, Deméter, deusa do milho, filha de Cronus com Reia. Epsilon virginis é chamada Vindimiatrix (grego: Protrigeter), do latim "colhedora de uvas", porque o aparecimento dessa estrela antes do sol em Agosto marca o começo da colheita de uvas.

A designação em grego de Vindimiatrix foi dado em comemoração a Ampelus, um garoto que foi supostamente amado pelo deus Dionísio. Virgem abriga o sol no Outono (hemisfério norte). Dias e noites se tornam iguais e  prepara-se para o inverno.

Referências



  1. Uma excelente referências sobre mitologia grega na web é www.theoi.com. Em particular, sobre os katasterismoi: http://www.theoi.com/Cat_Astraioi.html
  2. I. Ridpath, Miths, legens and history of the constellations. http://www.ianridpath.com/startales/contents.htm

09 maio 2014

Trânsito triplo de sombras das luas galileanas (3 de Junho de 2014)

Foto tirada por Bart Declercq desde Haaltert, Bélgica (1) que mostra um trânsito triplo das luas galileanas. 
Desafio para astrofotografia em 2014: observar o trânsito triplo dos satélites Calisto, Europa e Ganímedes sobre Júpiter durante o dia.

Aqui temos o único trânsito triplo de luas galileanas em Júpiter em todo ano de 2014. Dados do fenômeno:
  • Início: 3 de Junho de 2014, 18:05 UT
  • Término: 3 de Junho de 2014, 19:44UT
Os horários mostram que, para o tempo legal do sudeste e leste do Brasil, o fenômeno ocorrerá de dia, entre 15:08 e 16:44. 

Sabe-se que, com ajuda de um telescópio, é possível encontrar corpos celestes brilhantes durante o dia. Esse é o caso de Júpiter. Portanto, o fenômeno poderá ser observado mesmo durante o dia, quando, porém, o contraste da imagem estará bastante reduzido. De fato, abaixo temos uma imagem diurna de Júpiter (2) que mostra essa redução de contraste. Astrofotógrafos de plantão poderão registrar o fenômeno?

Imagem diurna de Júpiter (2) obtida por Robert Vanderbei (Univ. de Princenton) em 5 de Maio de 2010. Telescópio usado: Questar de 88 mm.
Diagrama orbital mostrando Júpiter e a projeção das sombras de três luas no dia 3/6/2014 as 19:30TU. Esse diagrama foi feito usando o applet "Jovian Moons" do site www.geoastro.de.

Simulação em plano orbital do instante do trânsito da sombras. A linha vermelha acima mostra uma representação esquemática do posição aparente das luas no instante do trânsito.


Referências

(1) Mais sobre isso ver: http://astrobob.areavoices.com/2013/10/13/holey-jupiter-a-look-back-at-fridays-triple-transit/
(2) http://www.princeton.edu/~rvdb/images/Questar/jupiterDaytime.html

02 maio 2014

Cometas em 2014: C/2013 V5 (Oukaimeden)

Fig. 1 Imagem do C/2013 V5 obtida por Jean-Francois Soulier em 26 de fevereiro de 2014.
Prosseguindo na perspectivas de cometas para 2014, há um novo visitante, que poderá se mostrar brilhante o suficiente para ser visto a vista desarmada. Trata-se do C/2013 V5 chamado "Oukaimeden", descoberto no dia 15 de novembro de 2013 por Michel Ory no observatório Oukaimeden no Marrocos com um telescópio de 50 cm. 
Fig. 2 Observatório Oukaimeden, onde foi descoberto o cometa.

A principal expectativa desse objeto é que ele atinja magnitude 5,5 em meados de setembro de 2014. Já em agosto, o cometa Oukaimeden poderá ser observado por meio de binóculo na constelação Monoceros (Fig. 3), a leste de Órion, no céu matutino. Em particular, observadores no hemisfério sul estarão melhor posicionados para observar esse cometa durante todo mês de setembro de 2014, de novo, no céu matutino. O periélio do C/2013 V5 ocorrerá em 28 de setembro de 2014.

Os elementos orbitais desse cometa já estão disponíveis para se determinar a posição dele com precisão em mapas. Na Fig. 3 representamos a posição do C/2013 V5 às 5:00 da manhã no período indicado. Veja que o cometa está acima da constelação do Cão Menor (que é um asterismo pouco significativo), baixo no horizonte leste. Nessa posição e data, o cometa poderá ser visto a olho nu em regiões sem poluição luminosa.

E após do periélio? A Fig. 4 ilustra a posição no céu vespertino (para aqueles que não gostam de acordar cedo) e mostra o cometa Oukaimeden nos domínios da constelação de Libra. A menos que algum fenômeno de aumento súbito de brilho aconteça, nessa posição, o cometa será visível com binóculos. Notem nos mapas a posição da cauda.

Fig. 3 Mapa do software Cartes du Ciel para o cometa C/2013 V5 na madrugas de 15 de agosto a 2 de setembro de 2014. A posição da projeção é para a cidade de São Paulo.
Fig. 4 Posição do C/2013 V5 entre 2 e 20 de outrubro de 2014. O horário é 19:00 para a cidade de São Paulo.
Posteriormente, traremos outras cartas e informações desse que talvez seja o principal cometa de 2014.

Referências

23 abril 2014

Photometry of the moon during the penumbral eclipse of October 2013.

Fig. 1 Moon at two different moments: during the penumbral eclipse (October 18 2013) and just after the eclipse end.
Some amateur astronomers complained about the popular interest during the last penumbral eclipse of the moon (Oct 18/13). With reason, they claimed that this eclipse would not be worth observing. The effect of moon darkening was very weak and the phenomenon would pass unnoticed had we not be previously informed by several internet sources.

However, astronomy is an empirical science and it is usually made of occurrences with insignificant effects. Here we present a small report of a possible analysis of the light profile of the moon during this eclipse. Although some darkening is apparent in Fig. 1, we would like to make the difference "explicit" by image and quantitative analysis . Perhaps our approach could be used during other eclipses, or a systematic application of it could help the study, for instance, of more subtle variations of brightness during a total lunar eclipse. 

For the amateur astronomer with interest in scientific analysis (and not only in simply taking sky shots), this report may be useful because it shows the amount of information that is available in the image matrix taken by simple instruments and how this information could be used to numerically estimate brightness changes during eclipses.

Analysis of the moon profile during the penumbral eclipse.

Both images in Fig. 1 were taken by the same equipment (Fig. 2) and configuration. A Nikon D40 camera was used with a 300 mm, F5.6 lens. The sensor sensitivity (in manual mode) was adjusted to ISO 200 and the exposure time was set to 1/400 seconds. It is very important to emphasize that the images were taken with no cloud present. Our analysis is not valid if the moon is captured through clouds for quite comprehensible reasons.  

Fig. 2 Equipment used during the eclipse of Fig. 1.
The first thing we notice in Fig. 1 is that the images are not properly aligned. Once the camera was installed on a tripod (an altazimuth mounting), the moon movement in the sky caused an apparent image tilt (in relation, for example, to a vertical line passing through the center of each image frame). In order to properly analyze the image, it is necessary to aligned it as is usual in astrometric work.

Instead of rotating the image, we extract a sample of it along a line or "cut" of both images and compare them. We chose two well distinguished and point-like features in the image as shown in Fig. 3. The first point is crater Aristarcus as shown.  The second spot is denoted point "B" (Reichenbach, Stevinus, ref. 1).
Fig. 3 By carefully choosing two bright features and tracing a line joining them, we can extract an image sample for photometric estimation. Point 'B' may correspond to craters Reichenbach and Stevinus (ref. 1).
Both points were chosen so that the brightness variation along the cut represented maximal light change due to the Earth penumbra. The point close to point  (Reichenbach, Stevinus, ref. 1) was immersed in the darkest area, while the first point (Aristarcus) showed no apparent brightness variation.

Fig. 4 Traced lines corresponding to image sections containing data to be analyzed. The moon at left is eclipsed, while the image at right is the "reference" moon.
The chosen lines can be seen in Fig. 4. These straight lines are determined by the following relations:

y(x)=Y0+((Y1-Y0)/(X1-X0))*(x-X0),

where (X0,Y0) e (X1, Y1) are the pixel coordinates as chosen in Fig. 2. Each image frame was sub-sampled to a 500x500 image matrix. For the right image (reference moon after eclipse), we have:

X0=304, Y0 = 286
X1=242, Y1=118

For the eclipsed moon:

X0=243, Y0=393
X1=297, Y1=122.

It is important to note that both lines will not exactly coincide with the same lunar areas (as we have said, each image is sampled on different CCD regions). However, the samples so obtained will correspond, within the expected error, to the same data intervals in each situation (reference and eclipsed moons).

To check if the extraction is ok, we can calculate the distance between the two chosen points on each image. For the reference moon, this distance is equal to 275,1 pixels and for the eclipsed moon 276,3 pixels. 

Results: subtle penumbral differences
Fig. 5 Photometric responses of the reference (black line) and eclipsed (blue line) moons. The lower curve is the difference between the black and the blue lines and represents the degree of darkening caused by subtle illumation changes.
Results can be seen in Fig. 5 and correspond to a sample of 80 points of the 500 X 500 original matrix. The 'x' axis reads an index that quantifies a position along the chosen line according to Fig. 4. The 'y' axis is the image intensity or brightness measured in grey scale (0 for black and 255 for white). As we go from zero to the curve end, we move from south to north, passing through distinct features on the lunar surface as identified in the figure. The "reference" moon is represented by the black line. The eclipsed moon is the blue line. Brightness difference is calculated and shown in the lower curve and reaches about 60 shades of grey. 

Final comments


Due to an effect called "aliasing", original data samples have different sizes (number of elements). This happens because, again, the images are rotated. For more accurate estimation, an equatorial mount should be used. A kind of "anti-aliasing" algorithm was therefore applied to generate Fig. 5, so that some points do not coincide exactly to the same coordinate in both images. However, it is clear that we have registered the shade difference between distinct lunar regions, amounting to more than 25% of white (~250).

Is it possible to explain the difference curve in Fig. 5? The darkening is obviously due to the fact that on the moon surface, the Earth is causing a "partial" sun's eclipse. The difference in intensity on the surface is proportional to the degree of occultation of the sun caused by the Earth. For example, the occultation was more intense on the limb close to crater Stevinus during this eclipse (left side of Fig. 5 plot) and a gradual sun's "unlocking" can be observed toward "Oceanum Procellarum". 

During total lunar eclipses, the situation is a little bit more complex because of Earth's atmosphere influence.

To make theory and practice agree, we should use a calibrated image and configuration, that was not our initial scope. Again, we emphasize that our analysis is only valid for the moon observed at distinct times and with no impeding clouds. Clouds would totally the mess intensity values, making the comparison impossible.

Fig. 6 Application of a non-linear transformation to the eclipsed moon image enhances contrast and reveals the darkening in an artificial way.
It is easy to modify Fig. 1 revealing something like Fig. 6 above. This is an image with a much enhanced contrast, making darkening effects apparent. However, those who witnessed the original event know that this image has nothing to do with the real moon at the moment. Amateur astronomy may be full of beautiful but deceiving images.

References

1. The full moon atlashttp://www.lunasociety.org/atlas/

15 abril 2014

Cometas em 2014: C/2012 X1 (LINEAR)

Fig. 1 C/2012 X1 (LINEAR) numa imagem por Gianluca Masi, Ceccano, Itália em 25 de Outubro de 2013. Projeto telescópio virtual, www.virtualtelescope.eu.
Cometas são, verdadeiramente, objetos imprevisíveis. O fracasso do ISON pode reduzir o interesse de muitas pessoas pelos cometas, ao mesmo tempo que a imprevisibilidade deles os torna objetos fascinantes, o que contribui para restaurar esse mesmo interesse.

Tal é o caso do cometa C/2012 X1 (LINEAR) que, embora não possa ser visto à vista desarmada, está brilhante o suficiente para ser observado com um telescópio de pequeno porte. Isso só é possível porque esse cometa passou por um "outburst" (ou seja, um aumento súbito de brilho) em outubro de 2013. Em abril de 2014, ele continua a ser o cometa mais brilhante até abril, embora já tenha passado o periélio.

A curva de brilho é vista na Fig. 2 e mostra um comportamento bastante singular. Ainda em abril, esse cometa pode ser visto no hemisfério sul como um astro matutino, de magnitude 8.5.

Fig. 2 Curva de brilho do cometa C/2012 X1 (LINEAR) com a contribuição de vários observadores e produzida por Seiichi Yochida (http://www.aerith.net/index.html). Uma mudança súbita de brilho ocorrida em Outubro de 2013, deixou esse objeto ao alcance de pequenos instrumentos.
Mapas de observação

Um mapa de observação do cometa C/2012 X1 (LINEAR) pode ser baixado aqui. Ele se encontra entre Aquário e Capricórnio, distante 1,8 unidades astronômicas da Terra, com uma cabeleira (coma) da ordem de 4 minutos de arco. As madrugadas do final de abril de 2014 sejam talvez mais propícias para sua observação por contarem com influência evanescente do brilho da lua. No dia 25 de abril de 2014, por exemplo, ele poderá ser encontrado próximo a estrelas de 6a magnitude (17 e 19 Aqr) conforme mostra as Figs. 3 e 4. A lua estará baixa no horizonte leste, próxima ao planeta Vênus.

Fig. 3 Posição do cometa C/2012 X1 no dia 25 de abril de 2014, próximo às estrelas 17 Aqr e 19 Aqr na constelação do Aquário. As 05:00 do tempo local, por exemplo, nas latitudes -23 graus, ele se encontrará quase que 60 graus acima do horizonte, facilitando sua observação.

Fig. 4 posição do cometa C/2012 X1 entre 25 de abril a 13 de maio de 2014. O horário é 04:00 para a cidade de São Paulo. Sofware Cartes du Ciel.

Não se deve esperar um espetáculo porque o C/2012 X1 não é reconhecidamente um cometa brilhante. A posição no céu (relativamente alto no céu do hemisfério sul), porém, contribui para sua localização. Uma variação de 6 pontos no brilho já demonstra que o C/2012 X1 está se esforçando para fazer uma bela passagem pelo centro do sistema solar.

Referências

01 abril 2014

Eclipse da Lua (15 de abril de 2014)

Fig. 1 Detalhes da geometria da sombra da Terra e posição da lua no eclipse lunar segundo (1).
Conforme já divulgamos aqui anteriormente (2), haverá um eclipse total da Lua na madrugada do dia 15 de abril de 2014. Em nosso post anterior (2), destacamos:
A imersão da sombra terrestre na lua, para moradores do fuso -3h (correspondente ao horário de Brasília) ocorrerá a partir da 3:00, com a lua aproximadamente a 45 graus de elevação em relação ao horizonte. Às 04:00 ela já estará completamente eclipsada, e terá, como companheiros no céu, Spica (α Vir) e Marte, já em direção ao horizonte oeste. A sombra começará a sair da superfície da lua a partir de 05:26. É importante notar que o final do eclipse não será visível no Brasil.
O mais interessante da ocorrência desse eclipse é o escurecimento do céu, que permitirá ver a olho nu estrelas que são bastante ofuscadas com a presença da lua cheia. Também brilhante será a presença de Marte, com mag. -1,4, já passada a  data de oposição. 
Fig. 2 Lua quase completamente eclipsada a 15/4/2014, 04:00 tempo de Brasília, tendo Spica (α Vir) como companheira a aproximadamente 2 graus de distância.  O conjunto por si forma uma espécie de conjunção inusitada, com forte contraste de cores.
Conforme a Ref. (3), o diâmetro aparente do disco lunar está próximo ao seu valor médio porque o momento do eclipse se dará entre o apogeu e o perigeu lunar. Esse será o eclipse de número 56 da série de Saros que começou em 14 de Agosto de 1022. Embora esse não seja uma passagem "central" pela sombra da Terra, ele durará cerca de 78 minutos. Ainda segundo o autor da Ref. (3):
O aparecimento de Spica próximo da lua lembra o autor do eclipse lunar de 13 de abril de 1968, quando Spica surgiu a 1,3 graus a sudoeste de lua eclipsada. O brilho azulado de Spica fez então um belo contraste com a vermelhidão da lua.
Trata-se, também, do primeiro de uma série de eclipses lunares que ocorrerão em 2014 e 2015 (4). Essa será também uma oportunidade para realizar fotometria do eclipse (Fig. 3), usando o método que descrevemos anteriormente em nosso artigo "Fotometria lunar no eclipse penumbral de 18 de Outubro de 2013" (5). Dessa vez, porém, o intervalo de tempos de exposição terá que ser maior por causa do escurecimento mais pronunciado do disco lunar.

Fig. 3 Um arranjo possível (câmera DSLR e tripé) para fotometria durante o eclipse. Para mais detalhes, ver Ref. (5).
Referências

(1) http://eclipse.gsfc.nasa.gov/OH/OHfigures/OH2014-Fig01.pdf

(2) Blog astronomiapratica: Alguns eventos astronômicos em 2014

(3) http://eclipse.gsfc.nasa.gov/OH/OH2014.html

(4) Outro eclipse lunar ocorrerá a 8 de Outubro de 2014, que será principalmente visto no meio do oceano Pacífico e, portanto, desfavorável ao Brasil.

(5) http://astronomiapratica.blogspot.com.br/2013/10/fotometria-lunar-no-eclipse-penumbral.html