01 setembro 2015

Dez questões sobre o eclipse lunar de setembro de 2015

Fig. 1 Imagem por Fred Espenak (http://www.mreclipse.com/) de um eclipse lunar em 2004. 
Nações, como estrelas, têm direito a eclipses. 
Tudo estará bem desde que a luz retorne e o eclipse 
não se torne uma noite sem fim. A alvorada e a 
ressurreição são sinônimas. 
O reaparecimento da luz é o mesmo 
que a sobrevivência da alma. (Victor Hugo, 1862)

For a vesion in English, click here.
1. Em qual data ocorrerá o eclipse? 

Esse eclipse total é o quarto e o último de uma "tétrada", ou série de quatro eclipses no intervalo 2014-2015 e ocorrerá "oficialmente" no dia 28 de Setembro de 2015. Para saber exatamente o horário, é importante ler com atenção a questão 3. 

2. Onde poderá ser observado o eclipse?

 O mapa da Figura 2, retirado de (1), mostra as regiões onde o eclipse poderá ser observado. Para a região central em branco (entre P1 e P4), todo o eclipse poderá ser observado. Isso significa que, no Brasil, o eclipse lunar poderá ser plenamente observado desde seu início até seu término. 

Fig. 2 Nas regiões pintadas em branco - o que inclui a totalidade do Brasil, o eclipse poderá ser plenamente observado, de seu início ao seu término. A parte ocidental da Europa (o que inclui Portugal) também poderá assistir o eclipse em sua totalidade, assim como a costa leste dos Estados Unidos. 
3. A que horas ocorrerá o eclipse?

A questão do horário está bastante ligado ao local. A data de início e término do fenômeno ocorrerá em dias diferentes, dependendo do local onde o eclipse será observado. Isso acontece quando o período do eclipse inclui a mudança de data. A Figura 3 é um mapa com os principais instantes relacionados a esse eclipse. 

Fig. 3. Mapa segundo (1) contendo posições sucessivas da lua, de P1 para P4, em relação à sombra da Terra. O centro da "umbra" passa pela eclíptica. A penumbra estende-se além da umbra, de forma que o eclipse se inicia quando a lua "toca" a região da penumbra. Isso ocorre no ponto P1. No instante U1, a lua entra na umbra, estando completamente eclipsada em U2. O ponto de máxima penetração na sobra ocorre no instante "greatest". A lua inicia sua saída da sombra em U2. O eclipse finaliza-se na penumbra em U4 e o término completo ocorre em P4. Ver texto sobre os horários desses instantes. Créditos: F. Espenak e ref. (1).
Em termos do tempo universal (TU ou tempo de Greenwich), os horários desses instantes (Figura 3) são:

P1 = 00:11 TU
U1 = 01:07 TU
U2 = 02:11 TU
U3 = 03:23 TU
U4 = 04:27 TU
P4 = 05:22 TU

Portanto, no Brasil, o início do eclipse lunar ocorrerá no dia 27 de Setembro (domingo) às 21:11 do tempo de Brasília (lembrando que o tempo de Brasília, é TU-3:00). O final ocorrerá às 2:22 do tempo local na segunda feira, dia 28 de setembro

4. Quanto tempo durará o fenômeno?

O eclipse lunar durará aproximadamente 3 horas e 20 minutos em sua fase umbral. Ao se considerar a fase penumbral, o eclipse durará aproximadamente 5 h e 10 minutos.

5. Quais as características desse eclipse?

Esse  é o eclipse 137 da série Saros, que se iniciou com um eclipse penumbral a 17 de dezembro de 1564. No máximo do eclipse, a lua se encontrará na posição 00h17' 33'' em ascensão reta e +1grau, 32' 3" em declinação, ou seja entre as constelações de Peixes e Baleia. A magnitude estimada da umbra na totalidade é  ~+1,2.  Não haverá estrelas muito brilhantes próximas da lua, porém, várias estrelas de baixo brilho poderão ser observadas próximo à lua, principalmente durante a totalidade. HIP 1325 (VB Psc, mag 6,95) e a rasante com HIP 1421 (mag. 6,15) serão ocultadas, por exemplo, como visto desde Campinas, SP, Brasil. Consulte um bom simulador do céu para saber de ocultações para a sua localidade.

Importante: às 1:47 TU a lua atinge o perigeu (356.876 km da Terra). Trata-se, portanto, de um eclipse de "super lua" (Figura 4) e um fenômeno raro.

Fig. 4. Perigeus lunares em quilômetros ao longo de 2015 .O dia 28/9/2015 apresenta um ponto de mínima distância (assim como foi 19 de fevereiro de 2015) e coincide com a data do eclipse total da lua. Por causa disso, o eclipse também ocorrerá durante uma "super lua". Referência: ver (3).
6. Qual o melhor meio de se observar o eclipse?

Sem dúvida, a observação visual poderá se beneficiar de um bom binóculo (do tipo 7X50 ou 10X60). Como a lua estará bem elevada no céu, recomenda-se o uso de uma cadeira com encosto para melhor conforto de observação. Observações com telescópio também são indicadas. Nesse caso, deve-se usar baixos aumentos para apreciar o disco lunar inteiro nas diversas fases do eclipse.

A observação à vista desarmada traz a impressão de grande obscurecimento por causa da variação de brilho entre a lua cheia e a da fase total. 

7. Como se pode fotografar o fenômeno?

Pode-se usar uma câmera com tripé e regulagem de exposição (posição manual) para todas as fases. Em seu máximo, exposições de vários segundos podem ser necessárias. A tabela da Figura 5 traz tempos de exposição sugeridos como função do número ISO e a relação f/D. Um guia para fotografia de eclipse lunar pode ser encontrado em (2).

Fig. 5 Tabela contendo tempos de exposição fotográfica para a relação ISO X f/D para eclipses lunares. 
Ver também nossa referência sobre fotometria de eclipse lunar (penumbral):
8. A lua ficará vermelha?

Sim. O fenômeno de avermelhamento da lua na totalidade (Figura 1) é um dos mais espetaculares e sempre observado, embora haja variações de intensidade. Ele se deve à presença de poeira em suspensão na atmosfera terrestre que refrata os raios de sol que está totalmente ocultado da lua.

9. Preciso ir a um lugar escuro para ver o fenômeno?

Não necessariamente. A lua é um objeto bastante brilhante, de forma que sua observação é sempre possível mesmo com a luz intensa das cidades. Porém, para apreciar a grande mudança de contraste entre a lua cheia e a fase total, recomenda-se lugares mais escuros.

10. Quando será o próximo eclipse total da lua visível no Brasil?

O próximo grande eclipse lunar plenamente visível no Brasil ocorrerá a 21 de janeiro de 2019. Portanto, é bom aproveitar ao máximo o evento de 2015!

Referências

1. Total Lunar Eclipse of 2015 Sep 28. eclipse.gsfc.nasa.gov
2. J. C. Diniz. Fotografando o Eclipse Total da Lua. (Acesso, agosto de 2015)
3. Ver: Lunar Perigee and Apogee Calculator.



19 julho 2015

Cometas em 2015: C/2014 Q1

Bela foto tirada por Yuri Beletsky do cometa C/2014 Q1 como visível junto a lua ao cair da noite de 17 de julho de 2015.
Frequentemente, cometas encenam shows sem muito aviso. Esse é o caso do cometa C/2014 Q1 "PANSTARRS" que, não obstante invisível a vista desarmada, é um bom alvo com binóculos ao cair das noites do final de julho de 2015. Esse cometa apresenta fotograficamente duas caudas como visto na figura acima tirada por Yuri Beletsky. Melhor ainda, esse cometa é particularmente visível para observadores do hemisfério sul.

O cometa C/2014 Q1 foi descoberto em agosto de 2014 no consórcio Pan-STARRS pelo telescópio Haleakala e teve seu periélio no dia 6 de julho de 2015. Com magnitude 5.0, ele seria visível a vista desarmada se não fosse o brilho do crepúsculo, o que o faz um bom objeto apenas para binóculos e, obviamente, alvo para fotografias.

A sequência de mapas abaixo mostra a posição do cometa C/2014 Q1 desde o hemisfério sul (para a latitude de Campinas/SP/Brasil) para os dias 19, 20 e 21 de julho de 2015. Clique nos mapas abaixo para uma versão ampliada. Júpiter e Vênus são marcados nesses gráficos com seus símbolos. As linhas em verde mostram a constelação de Leão. A cena é o horizonte ocidental, logo após o ocaso do sol, sendo que esse horizonte está logo abaixo nas figuras.

19 de Agosto de 2015, 18:22 BST desde Campinas/SP.

20 de Agosto de 2015, 18:22 BST desde Campinas/SP

21 de Agosto de 2015, 18:22 BST desde Campinas/SP
Referências






Conjunção quadrupla de 18 de julho de 2015 (fotos)

Conjunção quádrupla da lua, Vênus, Júpiter e Regulus como visto desde Campinas, em 18 de julho de 2015. Foto por A. L. Xavier Jr. astronomiapratica.blogspot.com.br
Alguns resultados fotográficos da grande conjunção entre a lua, Vênus, Júpiter e Regulus em 18 de julho. Usamos uma Nikon 5100, com 4 segundos de exposição, f 5.6 e ISO 400.

Detalhe

Foto por A. L. Xavier Jr. astronomiapratica.blogspot.com.br


Referência