11 dezembro 2012

Ocultação Natalina (de Júpiter pela Lua: início 25/12/2012)

No dia de Natal (25/12/2012) seremos brindados com uma ocultação de Júpiter pela Lua. O início da ocultação será difícil de ser visto por que a Lua  e Júpiter estarão muito baixos no horizonte (aproximadamente 9 graus as 18:38). O final da ocultação será mais fácil de se observar e ocorrerá apartir das 00:40 (Júpiter) do dia 26/12. 

Início do evento (direção Leste)
Essa ocultação de Júpiter é um evento interessante, por conta da ocultação e retorno sucessivo de vários satélites de Júpiter. O processo de 'egressão' completo de Júpiter e seu sistema de luas durará quase 1 hora. As figuras abaixo mostram uma sequência de simulações pelo Stellarium do evento na data.



Fase final 'emersão' de Júpiter e seus satélites do limbo lunar.


26 novembro 2012

Ocultação de Júpiter pela Lua (28 de Novembro de 2012)

Haverá uma ocultação de Júpiter pela Lua no dia 28/11/2012. Segundo o software 'Stellarium (versão 0.11.4), a ocultação completa de Júpiter (disco) para Campinas/SP está prevista para início em 21:09  e término 21:12 (aproximadamente 4' são gastos para cobrir totalmente o disco de Júpiter). A saída do disco está prevista para 22:05.
Aspecto do início da ocultação. De cima para baixo, os satélites são Ganimedes, Io  e Europa.
Aspecto da Lua e Júpiter em 28/11/2012 as 21:00 horário local.

28 outubro 2012

E pur si muove!


Texto de 'E a Luz se Fez - o Romance da Astronomia' de Rudolf Thiel. Ed. Melhoramentos. "O Pioneiro Galileu".

Na Academia Florentina, Galileu falou, perante sábios, eclesiásticos e príncipes, da verdadeira significação dos seus descobrimentos: eles ilustravam admiravelmente o sistema de Copérnico: a Lua, um globo como a Terra, com mares e montanhas; os planetas, esferas como a esfera terrestre, com dia e noite; Júpiter, um sistema solar em miniatura; "quem pode duvidar de que a Terra gire em torno do Sol, como um dos planetas ?"

Se alguém lhe opunha Aristóteles, Galileu replicava asperamente: "Na ciência, a autoridade pessoal nada prova. A natureza ri-se dos dogmas. Aristóteles considerava a Terra centro do universo; a luneta mostra a qualquer pessoa que ela gira em torno do Sol."

A autoridade de Galileu se tornara tão grande, que reduzia os contraditores ao silêncio. Mas um dia, a grã-duquesa mandou-o chamar. O confessor a alarmara: a doutrina de Copérnico desmentia a Bíblia. O pesquisador estava preparado para essa objeção:

“A tese de que Josué parou o Sol e não a Terra não deve ser considerada uma revelação no que concerne à natureza. A Bíblia não contém nenhuma astronomia; não figura nela sequer o nome dos planetas. É absolutamente certo que a Sagrada Escritura não pode errar; mas podem errar os intérpretes. Seria blasfêmia tomar ao pé da letra as passagens da Bíblia relativas à cólera divina, ao ódio e ao arrependimento do Senhor; todos concordam nisto. Da mesma forma, não se devem interpretar literalmente as passagens da Bíblia que não coincidem com a ciência. Efetivamente, as leis da natureza cumprem-se com exação absoluta; e as leis da natureza também são criados por Deus.”

A grande dama convenceu-se; convenceu-se o confessor. Em breve, porém, monge esbravejava do púlpito contra a heresia de Galileu. A Ordem dominicana tomou a si o caso e levou-o à Inquisição romana.

Galileu indignado, recorreu ao grão-duque: “De pura inimizade contra mim, quer-se converter Copérnico em herege. O seu livro vem sendo tolerado há sessenta anos; agora talvez o proíbam, só porque eu o defendo.”

O grão-duque recomendou-lhe que fosse pessoalmente a Roma e ali mobilizasse as suas numerosas amizades a favor da boa causa. Para lá seguiu o sábio qüinquagenário e, à maneira de cruzado, empreendeu a guerra santa, visitando grão-mestres de ordens, bispos e cardeais, discutindo noite após noite, com espírito, graça e ponderação. Mas colheu apenas essa advertência: “Pensai vós o que vos aprouver; desisti, porém dessa propaganda que só vos pode prejudicar.”

“Se a honra da Igreja corre perigo – replicou ele – não me é lícito ter consideração para comigo. Exijo que se submeta à prova a teoria do movimento da Terra, bem como toda a minha demonstração, antes de condenar Copérnico.”

O papa ordenou à congregação dos jesuítas se pronunciasse; o parecer foi negativo: os descobrimentos de Galileu também não provam a teoria. Depois disso, o livro de Copérnico foi proibido provisoriamente, até ser correto, mediante o acréscimo de que se tratava de hipótese não provada.

A Inquisição incluiu o cardeal Belarmino de comunicar a Galileu com o tato possível, que daí em diante deveria abster-se de sustentar a teoria do movimento da Terra, quer verbalmente, quer por escrito. A pílula amarga foi-lhe adoçada com a declaração de que ele causara a melhor impressão ao Santo Ofício e que, em caso de outro ataque, o próprio Santo Padre o defenderia.

Mas Galileu não se preocupava consigo. Agira, movido de puro patriotismo, como italiano e como católico. A verdade, descoberta por um cônego católico, não haveria de triunfar na Alemanha e por obra de sábios protestantes com Kepler. Não; deveria vencer e por obra da ciência italiana, para felicidade da Igreja conquanto esta recalcitrasse em aceitá-la. O mundo havia de saber que Roma continuava a favorecer a inteligência e não sem razão fazia jus ao título de coração e cérebro da cristandade.

Por isso custava-lhe a tolerar a derrota. Se alguma vez pronunciou a famosa frase: “E pur si muove...”, “Apesar de tudo, ela se move...” Galileu a disse depois de rigorosa proibição de falar. Não pensava em se submeter definitivamente ; espreitava apenas a oportunidade em que lhe fosse possível quebrar o armistício imposto.

Mas a oportunidade se fez esperar quase dez anos – anos de tortura para esse temperamento rebelde. O grande acadêmico era por natureza galo de rinha, que tratava o próprio debate erudito como um duelo, como se estivesse em jogo a honra e a vida, com antagonismo apaixonado, com arrojo temerário, sem refletir na escolha dos meios. Os seus antigos colegas temiam-lhe a língua mordaz e, certa vez, o tribunal condenou-o a abster-se de usá-la. Mais uma vez era-lhe vedado o uso da palavra, e ele ralava-se na jaula, inibido de observar, de experimentar, de pensar no que quer que fosse, exceto na verdade posta fora da lei, na verdade do movimento da Terra. Nalguns escritos combativos daqueles anos, a tensão inaudita vibra, descarrega-se em explosões, dialeticamente soberbas, lingüisticamente fascinadoras, objetivamente falhas. Criou com isso inimigos; mas, ao mesmo tempo, um público para a sua obra seguinte, a mais impressionante que já saiu da pena de um cientista.

Galileu contava sessenta anos, quando foi eleito o novo papa, Urbano VII, que não era senão o cardeal que lhe dedicara o ode “Louvor Perigoso”. Então ou nunca! Galileu foi a Roma. Seis vezes foi recebido em audiência. Seis audiências de mais duma hora cada uma. Embaixador algum poderia vangloriar-se de semelhante privilégio.
Desenhos de Galileu da Lua. Fonte: wikipedia.

Galileu solicitava o reconhecimento do sistema copernicano. “Ele não tardará a ser adotado nos países protestantes; então a ciência católica será menosprezada, a Igreja será tachada de obscurantismo. ”

O papa não perdeu a calma: “Essa teoria não foi declarada herética; nem eu a considero tal; apenas temerária. Não creio que possa ser provada.”

Galileu exibiu-lhe triunfalmente a prova que já então encontrara: o fluxo e o refluxo das águas, a maré. Assim como numa embarcação que oscila a água se balança dum lado a outro, assim o mar sobe e recua, porque a Terra se move.

O papa confessou que não compreendia; mas a hipótese não se lhe afigurou demonstrável. Nisso julgava com acerto, porque só o movimento da Terra não produz a maré. Há necessidade doutra força, a atração da Lua. Galileu deveria ter percebido que a sua prova não se sustentava. Havia naquele tempo só uma: a explicação copernicana do movimento retrógrado dos planetas. Galileu não a mencionara; sentira talvez que o homem comum não está a altura para refletir tão profundamente, que mais facilmente se deixa persuadir por meias verdades, por semelhanças e imagens do que convencer por idéias próprias exatas.

Com esse papa, Galileu errara o caminho. Após as seis audiências, Urbano VII pôs termo à discussão vã, dizendo: “Deves concordar, amado filho em que o Todo Poderoso pode também ordenar ao mar que ondule, sem que por isso se mova o fundo do mar, embora não compreenda o entendimento humano.”

O velho sábio curvou-se em silêncio, beijou o pantufo pontificial e regressou a sua terra.

Não desistia. Trabalhou cinco anos obstinadamente, prodigalizando todas as suas energias espirituais, com paixão e lógica, com espírito e eloqüência, com todas as seduções da linguagem, no seu “Diálogo sobre os dois sistemas do Universo”. Com isso esperava constranger a Igreja, apesar da sua resistência, a uma aliança com a ciência. Aniquilada pelos seus argumentos, a Igreja concordaria em que a Terra se move. Galileu refletiu em como lhe facilitaria a capitulação: no prefácio, declararia a teoria de Copérnico uma hipótese não provada, como o exigia a autoridade eclesiástica; e terminaria com a frase que o próprio Urbano VII lhe respondera.

Assim originou a primeira ciência popular, moldada pelo próprio técnico em diálogo vivo, dramático, sempre excitante, interessante, sedução irresistível para os profanos, aliciando-os a entrar com o pensamento, as descobertas, o conhecimento, no que o gênio pensou, descobriu, reconheceu. As experiências são descritas tão intuitivamente que não se sente necessidade de comprová-las. Percebe-se logo: não podia ser diferente.

Por exemplo: a interrogação a que Copérnico não encontrara resposta: por que o eixo terrestre está constantemente voltado para o polo: “Coloquem uma esfera de madeira num recipiente com água. Segurem o vaso com a mão estendida e girem sobre si mesmos. Ver-se-á então a bola de madeira girar sobre si mesma em sentido contrário, isto é, conservando sempre a direção do seu eixo, como faz a Terra no sistema copernicano”.

Ou a eterna objeção de que a rotação da Terra influa no curso das nuvens, no vôo dos pássaros, nos tiros dos canhões, na queda de pedras: “Proponho que me acompanheis ao camarote duma grande embarcação. Ali estão mosquitos, jogadores de bolas e um aquário onde caem do alto gotas de água. Esteja o barco parado ou navegando regularmente, os mosquitos voam com a mesma facilidade de parede a parede; as bolas são atiradas, com a mesma força, em todas as direções, os peixinhos nadam, tranqüilamente; os pingos de água caem perpendicularmente no mesmo ponto. E de nenhum destes fatos ninguém pode adivinhar se o barco está parado ou em movimento; tanto menos o podemos até dizer da Terra”.

Eis, já formulado, o princípio da relatividade. Com essa obra, Galileu se tornou um clássico da literatura italiana, pois foi o primeiro cientista do seu tempo em escrever, não em latim, e sim na língua materna que dominava melhor do que ninguém. Outrora, como poeta, começara a corrigir Tasso; compunha comédias, improvisava canções, com acompanhamento improvisado ao alaúde. E, justamente por ser dotado de talento poético, obteve êxito onde Kepler falhara: em levar a teoria de Copérnico à vitória.

A geração seguinte criou-se com a nova imagem do universo, segundo a concepção de Galileu. Costumou-se a zombar das objeções, antes que elas fossem definitivamente refutadas; enfeitiçada por essa obra prima, deixou de exigir provas exatas; e, como estas iam sendo apresentadas, ninguém mais se interessou por elas.

Essa mudança de mentalidade, verdadeiro alvorecer dos tempos modernos, operou-a o velho mago, com dialética não raro duvidosa, impondo-se à crença mais do que persuadindo, porque ao mesmo tempo implantava nos cérebros outro modo de pensar: a confiança nas experiências, em lugar na confiança nas autoridades, o espírito hodierno do estudo da natureza.

05 outubro 2012

Conjunção Lua, Vênus, Spica, Saturno (12/11/2012)

Haverá uma conjunção quádrupla visível na madrugada em 12 de Novembro de 2012 entre a Lua, Vênus, Spica (alfa da Virgem) e Saturno (muito baixo no horizonte e envolvido nas brumas da alvorada).


A hora aproximada é 5:40 do tempo legal de Brasília e a simulação é desde um ponto com latitude 23 graus sul aproximadamente.

ATENÇÃO: a observação do horário é muito importante! 

04 outubro 2012

Conjunção Lua-Vênus-Regulus (12/10/2012)

Haverá uma bela conjunção entre a Lua, Vênus e a estrela Régulo (alfa de Leão) em 12 de Outubro. A figura abaixo é uma simulação do evento, conforme poderá ser visto as 4:40 (da manhã) na direção Leste.


Essa visão é desde uma latitude próxima a 23 graus sul e no horário oficial de Brasília.


02 outubro 2012

Lembranças da UBA

A Astronomia é conhecimento superior que, se plantada na mente correta, pode despertar o interesse para o conhecimento científico de quase todas as outras ciências. A astronomia faculta a seus amantes uma prática maravilhosa: a astronomia amadora. Feita de noites sem conta de espera, observações em total escuridão para fazer valer os esforços na aquisição de instrumental apropriado para observação, a astromomia amadora não precisa de explicações para se definir como um dos mais belos hobbies que alguém pretenda cultivar.

A década de 80 foi a última que antecedeu diretamente a idade digital com a internet. Naquela época, não existiam 'e-mails' nem mecanismos de busca - a internet germinava ainda em apenas alguns laboratórios mais avançados do mundo. O conhecimento de qualidade sobre Astronomia para leigos (e astrônomos amadores) estava limitado aos livros, muitos dos quais restritos à lingua inglesa. Fenômenos celestes, como hoje, dificilmente eram matéria de jornais e revistas em circulação na época. Mas uma instituição corajosa fez história naquela década: a União Brasileira de Astronomia

Eu fui um dos assinantes dos seus boletins. Minha coleção muito restrita limita-se a alguns números dentre 1983 e 1985 na esteira dos preparativos para o periélio do cometa Halley em 1986. Abaixo reproduzo uma das capas dos 'Informativo Astronômico' da UBA. Esta capa é a da edição de Março-Abril de 1983. A UBA nessa época era administrada por Luiz Augusto L. Silva,, Gilberto Klar Renner e Alceu Féliz Lopes. O boletim para mim, não obstante a 'pobreza gráfica' comparada aos recursos atuais, era muito completo, trazia um artigo principal, notícias sobre associações astronômicas dentre outras. Numa coleção de 'seções' (de cometas, variáveis, solar, 'clube Messier') informação sobre os últimos acontecimentos eram trazidos para os astrônomos amadores na época.
Capa do 'Informativo Astronômico' da UBA de Março-Abril de 1983.
Hoje, onde podemos encontrar um orgão, referência ou centro onde alguma informação sobre aspectos práticos da astronomia amadora? Há centenas de páginas na WEB, ao se alargar o horizonte para abarcar páginas em lingua inglesa, esse número cresce talvez aos muito milhares. Essa pulverização da informação em milhares de fontes é muito positiva, pois mostra o crescente interesse pela Astronomia e abre possibilidades para que grupos locais organizem-se e produzam trabalhos interessantes em astronomia amadora.

Agora, não podemos deixar de registrar nossa impressão também que semelhante crescimento de volume de informação não está necessariamente ligado ao aumento de qualidade: faz-se muito do mesmo, conteúdos são incessantemente replicados sem qualquer compromisso com a qualidade final. Além disso, a multiplicidade de fontes - aliadas a existência de inúmeros softwares de simulação do céu - aumenta o isolamento entre grupos e entre indivíduos, pois cada um é capaz de, sozinho, cuidar de si. Há interesse por astronomia amadora, mas esse interesse é privativo a pequenos grupos e a imensa maioria dos indivíduos que, assim, deixam de compartilhar suas informações e experiências conjuntas.

Além disso, o crescente número de projetos de sonda e telescópios avançados por nações mais organizadas, faz com que tenhamos a impressão que a observação do céu por um amador é algo inútil. Se ao amador é vetado o ingresso à pesquisa de ponta - a prática da observação em grupos ou o compartilhamento de experiências demonstra um grau de maturidade e colaboração que é imprescindível para as grandes realizações científicas.

Assim, por enquanto (isto é, enquanto as campanhas dos super projetos continuarem), podemos dizer que a astronomia amadora é uma prática cada vez mais privativa mas de grande importância para a formação científica de indivíduos de forma geral. Para aqueles a amam verdadeiramente, nenhum recurso profissional irá diminuir o prazer de uma boa noite de observação. E apenas aqueles que já experimentaram uma boa noite de observação podem corretamente julgar isso, não importa a quantidade de fontes de informação modernas disponíveis sobre o céu.

29 setembro 2012

Bem vindos ao Astronomia Prática!


Este é o primeiro post do Astronomia Prática: um guia de informações sobre eventos que ocorrem no céu.

A mídia vincula muitas vezes notícias e descobertas do mundo da cosmologia e astronomia. Entretanto, pouco ou quase nada é informado sobre o que está acontecendo no céu nesse momento. Dentre os assuntos que serão abordados no Astronomia Prática estão:
  • Surgimento de cometas;
  • Mapas com objetos identificáveis a vista desarmada ou com pequenos instrumentos, 
  • Chuvas de meteoros; 
  • Resenhas de livro sobre Astronomia;
  • Oportunidades de fotografias, 
  • Conjunções planetárias;
  • Instrumentação para observação do céu;
  • Dicas de softwares astronômicos;
e muito mais! Seja um seguidor do blog e você será informado para se preparar com antecedência e planejar suas observações.

Boas observações!

Ademir Xavier
astronomiapratica.blogspot.com.br