26 julho 2014

Astronomia Brasileira de luto


Texto de Hemerson Brandão (fonte: Facebook)

A Astronomia brasileira perde uma de suas principais estrelas. Faleceu na noite desta sexta-feira (25/07/2014), aos 79 anos, o astrônomo Ronaldo Mourão. Ele sofria do mal de Parkinson e há duas semanas sofreu um AVC.

Assim como Carl Sagan, tive a oportunidade de conhecer Ronaldo Mourão apenas através dos livros. Juntos, eles tiveram grande influência no meu conhecimento astronômico e despertaram o interesse pela divulgação científica.

Perdemos o mestre. Fica o seu legado na forma de textos que buscam despertar o interesse do público geral pela Astronomia.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, nasceu em 25 de maio de 1935, no Rio de Janeiro. Ingressou em 1956 na Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ), onde conquistou o título de Bacharel e Licenciado em Física. Foi Doutor em Ciências pela Sorbonne de Paris. Em 1956, tornou-se Auxiliar de Astrônomo do Observatório Nacional e, em 1968, Astrônomo Chefe. Foi fundador do CARJ - Clube de Astronomia do Rio de Janeiro e o MAST - Museu de Astronomia e Ciências Afins, também no Rio.

Na área de pesquisa estudou sobre estrelas duplas, cometas e asteróides.


Desde 1952, Mourão publicava material de divulgação científica. Nesse meio tempo publicou quase 100 livros e mais de mil textos em vários jornais e revistas. O último livro que comprei foi a edição 2013 do respeitado “Anuário de Astronomia e Astronáutica”. Muitos desses textos continuam sendo a principal referência para quem quer dar os primeiros passos na Astronomia.

Em 1977, foi o primeiro a receber o prêmio José Reis de Divulgação Científica.

Abaixo um depoimento de Ronaldo Mourão sobre sua vida para o projeto “Ciência que eu faço”:

11 julho 2014

Conjunção de Júpiter e Vênus (18 de Agosto de 2014)


Uma das mais fechadas conjunções entre planetas do ano de 2014 está para acontecer na madrugada e manhã do dia 18 de agosto de 2014. A simulação feita pelo software Stellarium, mostra o instante das 5:50 do tempo local (Campinas/SP, Brasil) quando Júpiter e Vênus distam aproximadamente 15 minutos de arco um do outro (isso é aproximadamente metade do diâmetro da lua cheia). O par está muito baixo no horizonte, pouco mais de 3 graus de altitude e a proximadamente a 60 graus de azimute (em relação ao norte) na constelação do Câncer.

É provável que a conjunção possa ser observada à vista desarmada até aproximadamente 30' depois do nascimento do fenômeno. Na data, Vênus terá diâmetro aparente de 10" enquanto que Júpiter será visível com aproximadamente 31". Para quem dispõe de equipamento, poderá seguir a conjunção após o nascimento do Sol. Progressivamente, cada membro da conjunção irá se separar ao longo do dia.

Recomenda-se um binóculo para observar esse belo fenômeno.

03 julho 2014

Ocultação de Marte e conjunção/ocultação de Saturno pela Lua (6 e 8 de Julho de 2014)

Fig. 1 Ocultação de Marte pela Lua em 6 de Julho de 2014. Atenção para o horário em TU!
Ocultação de Marte em 6 de Julho de 2014 (início).

A posição de Marte no céu permitirá a ocorrência de uma aproximação com a Lua durante o mês de Julho. Numa delas, boa parte da América do Sul será favorecida pela ocultação de Marte no dia 6 de Junho (1). Em outras regiões do Brasil, o fenômeno irá se manifestar como uma conjunção.

Na parte mais populosa da faixa da ocultação (Fig. 1), o fenômeno ocorrerá com a Lua muito baixa no horizonte oeste, no início do dia 6 de Julho. Por exemplo, para Brasília/DF, o fenômeno se inicia com Marte se ocultando no lado escurecido da lua (em quarto crescente), por volta das 23:54 do dia 5/7/2014. O conjunto Lua-Marte estará a 10 graus de elevação do horizonte. Com essa geometria, apenas o início da ocultação será visível nessa localidade.

Fig. 2 Marte, Lua e Spica como visto desde Brasília/DF as 23:53 do dia 5 de Julho de 2014. Apenas o início da ocultação será visível. 
Para outras regiões do Brasil (mais ao sul da linha austral de ocultação), o fenômeno obviamente se apresentará como uma conjunção. Mais à leste na região de sombra, o fenômeno ocorre mais cedo. Por exemplo, em Cuiabá o fenômeno tem início por volta das 23:48. Dados de temporização prevista para essa ocultação podem ser encontrados na referência (1).

Conjunção/Ocultação de Saturno com a Lua em 8 de Julho de 2014.

Esse fenômeno será verdadeiramente uma ocultação para a parte mais austral do Brasil, além de Argentina e Chile (2, Fig. 3). Interessantemente, essa ocultação não está reportada na página da IOTA para 2014. Desde Campinas/SP, o momento de máxima aproximação de Saturno com a Lua será por volta das 00:50 do dia 8 de Julho. Uma reprodução da previsão do instante de entrada de Saturno desde Porto Alegre/RS  pode ser visto na Fig. 4.

Fig. 3 Região da ocultação de Saturno pela Lua em 8 de Julho de 2014. 
fig. 4 Momento da entrada de Saturno na parte escura da Lua em 8 de Julho de 2014 por volta das 00:24 como visto desde Porto Alegre/RS. Na maior parte do Brasil, o fenômeno será visível como uma conjunção. A estrela visível abaixo é Zubenelgenubi da constelação da Balança.
Nas regiões do Brasil onde a ocultação será visível, o egresso de Saturno poderá ser visto com a Lua muito baixa no horizonte oeste, já que o fenômeno durará aproximadamente 30 minutos.

Referências

(1) http://lunar-occultations.com/iota/planets/0705mars.htm
(2)http://asa.usno.navy.mil/cgi-bin/occnwdo.cgi?dir=2014/occns&file=occn.2014Jul08.Saturn&body=Saturn