10 agosto 2018

Cometas em 2018: C/2016 M1 (PANSTARRS)

Imagem do C/2016 M1 tirada por J. Chambó desde o Novo México em 24/4/2018.
Com passagem periélica na data deste post, o C/2016 M1 é um objeto com posição no céu que favorece o hemisfério sul. Não atingirá brilho melhor que mag. 9.0, entretanto, poderá ser visto confortavelmente por observadores do Brasil como um objeto elevado no céu por volta das 19:00.

Descoberto em janeiro de 2016 pelo telescópio Pan-STARRS 1 (Haleakala), em agosto de 2018 esse cometa estará localizado na região Norma-Centaurus.  Esse cometa será melhor visto desde um lugar bem escuro, fora do período de lua cheia e por meio de um binóculo. Para encontrá-lo, o mapa da Ref. 1 poderá ser usado. A menor distância da Terra desse objeto foi em 25 de junho último.

A referência de posição são as estrelas Alfa e Beta do Centauro.

Mapa da posição em agosto de 2018 do cometa C/2016 M1 (Ref. 1) indicando sua posição na região Norma-Centaurus, no hemisfério austral. 
O diagrama da órbita do C/2016 M1 (abaixo) mostra porque sua passagem periélica não está sob influência do brilho solar, já que o periélio está a 2,2 UA de distância do sol. Dessa forma, a própria Terra está mais próximo do sol do que esse astro no momento da passagem.

Diagrama orbital do C/2016 M1 (órbita violeta) em relação ao interior do sistema solar. A Terra está marcada em azul. Referência: The sky live.

Referência



Cometas em 2018: C/2017 S3 (PANSTARRS)

Imagem do C/2017 S3 de 2/7/2018 tirada por M. Jäger na Áustria. 
A rede de notícias em torno do cometa C/2017 S3 (PANSTARRS) descreve esse cometa como "extraordinário", um das muitas versões de "Nibiru" e simplesmente como um dos grandes cometas de 2018. Será mesmo?

Todo esse furor é por conta de um "outburst" ocorrido no início de julho (uma espécie de aumento repentino de brilho). Descoberto em setembro de 2017 com magnitude 21, esse cometa terá seu periélio em 15 de agosto. Espera-se que ele atinja magnitude 4.0 ou 3.0, o que o tornaria visível à vista desarmada, mas envolvido no fulgor do Sol. 

Sua posição no céu não favorece, entretanto, observadores do hemisfério sul. No caso do Brasil, observadores nas regiões mais setentrionais serão favorecidos.

Um bom mapa para a observação do "cometa verde" como foi chamado, para Agosto de 2018, pode ser visto abaixo (a versão completa está na Ref. 1). 

Mapa da posição do "cometa verde" em 8/2018. Clique na imagem para sua versão ampliada.
O mapa indica sua posição na região do zodiáco, próximo às constelações de Câncer e Leão. Sem dúvida, o melhor momento de observação foi na fase em que seu brilho alcança magnitude 7.0 a 8.0, sendo observado mais confortavelmente por binóculos. 

Ao longo do periélio, estará em "rendezvous" com o sol e muito próximo dele junto ao horizonte. Depois do periélio, sua posição relativa não permitirá observação desse astro. 

Referências




25 junho 2018

Um eclipse e um planeta em oposição (memorável noite de 27 de julho de 2018)

"Eclipse Lunar" por Scott Kahn. 
Lua e marte em Capricórnio brindam o início de uma nova noite pintados de vermelho. Brasil é o melhor país das Américas para se apreciar o evento.

O eclipse da lua de 2018, em 27 de julho, será acompanhado bem de perto por marte, o planeta vermelho em uma grande oposição. Lua e marte estarão tingidos de vermelho formando uma bela visão. O planeta por ser essa sua cor própria, a lua por estar oculta na sombra da Terra que, com sua atmosfera repleta de partículas que absorvem o azul, pintam de vermelho sua superfície. 

O céu em direção à leste como visto desde Brasília/DF por volta das 18:00. Simulação Stellarium do início da noite de 27/7/2018.
O fenômeno todo não será visível do Brasil e nem em todo o Brasil, mas apenas na sua parte oriental. 

A lua já nascerá completamente eclipsada. No hemisfério sul é inverno e o Brasil é o melhor país nas Américas para se apreciar o evento. Quem estiver na parte oriental do Brasil (região costeira) terá as melhores condições para apreciar o evento.

Temos sorte de, já às 18:00 (21:00 UTC) ser possível apreciar a bela visão do eclipse-conjunção em sua fase final, mas sem muita influência do sol que terá se posto à oeste.

O eclipse também será bem observado em sua fase final em todo continente Europeu. Entretanto, os melhores locais serão no Oriente Médio e a parte ocidental da África.

Não há muito o que fazer a não ser apreciar a bela visão que convida a uma fotografia. 

Em questão de menos de uma hora, o eclipse terá envoluído em direção à saída da lua da umbra, (a parte mais escura da sombra da Terra) e a segunda metade do eclipse penumbral será iniciada (a primeira parte ocorreu com a lua abaixo do horizonte). 

A umbra abandonará o disco lunar por volta das 19:10. Finalmente, ela estará completamente livre da sombra da Terra por volta das 20:28 (23:28 UTC) quando o eclipse se encerra.

Animação segundo a wikipedia, mostrando a evolução do elipse em 27 de julho e a dimensão relativa da lua em relação a sombra da Terra. O horário acima é dado em "Tempo Universal". Deve-se subtrair 3 horas para obter o tempo de Brasilia.

Lua cheia apogeana: 18 anos depois do último mais longo.

O eclipse será longo uma vez que a lua se encontrará no "apogeu" (ponto mais distante da Terra de um corpo em sua órbita), porém, isso não implicará em grande vantagem para os observadores no Brasil que acompanharão o fenômeno em seu fim. O diâmetro aparente da lua (aquele medido em minutos de arco) será menor e, combinado ao fato de a lua passar próximo ao centro da sombra da Terra, isso contribuirá para aumentar a duração do eclipse.

Em termos de duração, o último eclipse mais longo foi em 16 de julho de 2000. Aproximadamente 18 anos depois (o que corresponde ao período de Saros, importante na determinação dos eclipses) um novo eclipse longo ocorre.

Caso o leitor perca este eclipse, uma nova chance haverá em 21 de janeiro de 2019. Essa próxima ocasião será inteiramente favorável a observadores do Brasil, posto que todo o fenômeno será visível das Américas, porém estaremos no verão com maior incidência de nuvens que podem ocultar a lua.

Referências

https://eclipsewise.com/lunar/LEprime/2001-2100/LE2018Jul27Tprime.html